terça-feira, 1 de março de 2011

Transferência de dinheiro ao BNDES anula esforço fiscal

Ao mesmo tempo em que detalha os cortes de R$ 50 bi, o governo diz que o Tesouro vai fazer mais um aporte de recursos no BNDES. O dinheiro transferido ao banco é dívida pública, ou seja, o Tesouro vai se endividar, lançar títulos no mercado. Pega dinheiro emprestado em nosso nome e transfere ao banco.

Essa foi uma medida usada na emergência da crise de 2009, mas agora virou um hábito. Todo ano o governo faz isso. Está virando um orçamento paralelo. No passado, isso estava na origem da superinflação. Gastos não entravam na conta.

O governo vai fingir que emprestará e o banco, um dia, pagará. Mesmo que pague no futuro, quanto vai custar para o contribuinte a diferença entre o que o Tesouro vai pagar aos seus credores e o que o BNDES pedirá de volta das empresas a que empresta?

Ou seja, esse dinheiro transferido ao banco não entra na contabilidade da dívida líquida porque, como é um suposto empréstimo, é suposto ativo. É um dinheiro extra oficial sendo gasto, mas é gasto público de fato. Isso é muito perigoso.

No passado, o banco se financiava com seus fundos. Agora, passou a receber uma mesada anual de grandes proporções. De 2008 para cá, chegará a R$ 300 bi. Isso anula qualquer esforço fiscal que o governo realmente faça.

Esse corte de gastos tem pontos controversos. O governo fez muito malabarismo para chegar aos R$ 50 bi. Parte é corte de fato, outra parte, não.
 
Por Miriam Leitão

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