sábado, 28 de agosto de 2010

Versão de crime comum no caso de EJ contraria inquérito da PF

Estadão

Dados chegaram à mídia pelas mãos de integrantes do comitê de pré-campanha de candidata petista


A declaração da cúpula da Receita Federal de que o vazamento de dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, foi um crime comum - não político - conflita com revelações colhidas pela Polícia Federal.

Ouvidos no inquérito da PF esta semana, duas testemunhas - o próprio Eduardo Jorge e o jornalista Leonardo de Sousa, da Folha de S. Paulo, autor da primeira reportagem sobre o caso - confirmaram que os dados foram vazados por integrantes do comitê de pré-campanha da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT).

Aberto em julho, o inquérito é comandado pelo delegado Hugo Uruguai e não tem data para ser concluído. Segundo o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, dificilmente a investigação será concluída antes da eleição de outubro, porque, conforme destacou, a produção de prova tem que ser feita dentro do ritmo da legalidade, "sem atropelar etapas".

O dirigente tucano informou à polícia que recebeu cópias de suas declarações de renda, vazadas da Receita, de Sousa e do repórter Alexandre Oltramari, da revista Veja, que ainda será ouvido.

Os dados - cópias de cinco declarações do IR de Eduardo Jorge - fariam parte de um dossiê supostamente montado pelo grupo de inteligência do comitê de Dilma contra políticos tucanos para atingir a candidatura presidencial de José Serra (PSDB). Uma fonte policial disse que, apesar da negativa da Receita, não está descartada a motivação política do caso, seja na encomenda do trabalho, no acesso dos dados dentro do Fisco ou na produção do dossiê. "Só ao final se poderá concluir com segurança se houve ou não concerto entre as partes", disse a fonte.

Quem também não tem dúvida de que a Receita virou "uma vidraça" estilhaçada por excesso de vazamento de dados é o juiz Antônio Cláudio Macedo da Silva, titular da 8ª Vara Federal de Brasília.

Ao determinar que a Receita desse acesso imediato dos autos de sua investigação interna a Eduardo Jorge, o magistrado anotou que fica evidente, nos vazamentos, "uma relação promíscua entre alguns setores da administração pública com extratos da imprensa, no qual se veiculam informações protegidas por sigilo legal sem que se saiba a autoria da quebra".

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