Jair Bolsonaro escalou um salto mais alto do que recomenda a prudência. Fez isso ao declarar o seguinte: “Nós estamos com uma mão na faixa. Ele (Fernando Haddad) não vai tirar 18 milhões de votos daqui a dois domingos.” Um presidenciável como Bolsonaro, com vantagem confortável nas pesquisas, não precisa calçar mocassim. Mas faria um bem a si mesmo se trocasse o modelo agulha em que subiu por um discreto salto anabela, mais compacto e seguro.
A história ensina que, em política, um pouco de humildade não faz mal a nenhum candidato. Nunca é demasiado recordar um episódio ocorrido em 1985. Mediam forças pela prefeitura de São Paulo Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros. Dado como franco favorito, FHC posou para fotos na poltrona de prefeito às vésperas da eleição. Contados os votos depositados nas urnas, Janio prevaleceu. Pesquisa não é urna. Erros acontecem.
Manuseando a faixa, Bolsonaro voltou a desdenhar dos debates: “Eu vou debater com um poste, um pau mandado do Lula? Tenha santa paciência!”, disse ele. Sabe-se pouquíssimo do que o capitão planeja fazer se for eleito. Ele estimula a crença de que haverá segurança, probidade e prosperidade a partir de 1º de janeiro de 2019. Foi assim, equilibrando-se num salto agulha, que Dilma Rousseff enganou a plateia em 2014. Depois, calçando havaianas, o brasileiro foi às ruas para exigir o impeachment. Deu em Bolsonaro.
Por Josias de Souza
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