domingo, 27 de maio de 2018

Bolsonaro e seus seguidores fazem exploração abjeta da crise; se alguém duvidava da toxidade deste senhor, não há mais espaço para a dúvida


Existe uma “questão” envolvendo o preço dos combustíveis? Existe. A própria Petrobras deve se perguntar se a prática em curso, de formação de preço, é a melhor para o país e para a própria empresa no longo prazo? Acho que sim. E ainda voltarei a esse ponto. Dito isso, vamos àquilo que salta aos olhos: na origem do dito “movimento dos caminhoneiros”, o que se tem é uma paralisação promovida e sustentada por empresas. Trata-se de locaute, como escrevi aqui na madrugada de sexta. Mas a coisa não para por aí. Há também os oportunistas da crise, E um deles, também resta evidente, é o deputado Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência.

A despeito de toda truculência promovida pelo clã Bolsonaro, setores da imprensa, que andam com medinho das redes sociais, tendem a ser condescendentes com ele, enxergando a figura de um bufão onde está um agente de altíssima toxicidade para o processo político. É impressionante! Não há resposta errada que este senhor não abrace. No caso, a mobilização obviamente incentivada por empresas ganhou as redes sociais e ferramentas de troca de mensagens, em especial o WhatsApp. E está tudo lá. A revista “Piauí” se infiltrou em alguns grupos de caminhoneiros. Eles querem duas coisas para resumir: a) Bolsonaro presidente e b) intervenção militar já. Ainda que aparentemente contraditórias, no aparelho mental construído para conciliar as duas ações, os militares destituiriam Temer agora e, bem, colocariam Bolsonaro em seu lugar em janeiro. A eleição, por óbvio, vira um detalhe.

Bolsonaro, ele mesmo, foi ao Twitter para assegurar que “Qualquer multa, confisco ou prisão imposta aos caminhoneiros por Temer/Jungmann, será revogada por um futuro presidente honesto/patriota” e que “a melhor maneira de resolver problemas é evitar que apareçam. Os responsáveis pela crise são ótimos para distribuir ministérios, estatais, diretorias de bancos… que geram ineficiência do estado e corrupção. Essa é a “governabilidade” que vem destruindo o Brasil”.

Ninguém mais tem o direito de duvidar de que Bolsonaro é o tipo de político que faz malabares com fogo à beira de um tanque de gasolina. A rigor, para ele, quanto pior a situação, convenham, melhor. Seu discurso em defesa de uma suposta “ordem” progride com mais desenvoltura na desordem. O vídeo do advogado Gustavo Bebbiano, seu braço direito, defendendo a greve e a ação dos caminhoneiros, não deixa a menor dúvida. O fascismo caboclo ou não, mitigado ou não, fanfarrão ou não, convenham, progride é no caos. Vejam:


Está tudo dito: “Não sou político, mas acompanho o maior político do Brasil na atualidade: JaIr Bolsonaro. O PT prometeu parar o Brasil e não fez merda nenhuma porque quem não trabalha não tem força para parar porra nenhuma. Quem trabalha é que tem força para parar o Brasil”, diz Bebbiano. Parece que, no dia em que discursou, o seu “trabalho” era parar o país.

Como resta claro, para tentar se eleger, Bolsonaro topa deixar os hospitais sem oxigênio, os marcados sem comida, as escolas sem alunos, a sociedade sem segurança pública. Assim, primeiro vem o Apocalipse. E, depois, claro!, a redenção. E o Bolsonaro saberia julgar os vivos e os mortos, separando quem presta — os de sua turma — de quem não presta: todos os outros. E por isso que ele se juntou ao mensaleiro Valdemar da Costa Neto: para salvar o Brasil!

Eis a conspiração de patriotas que ameaçou levar o país ao colapso.

Por Reinaldo Azevedo

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