Juntam salteadores, aproveitadores, fisiológicos e pilantras de toda espécie e, quando todos esperam que chamem isso de caverna de Ali-Babá, eles colocam a tabuleta na porta: “Partido Político”. Nunca foram vistos como coisa nossa. A julgar pelo resultado do Datafolha mais recente, firmaram-se como Cosa Nostra.
Nos últimos três meses e meio, saltou de 61% para 71% a quantidade de brasileiros que declaram não ter um partido político de sua preferência. É o pior resultado desde que o instituto passou a produzir esse indicador, há 26 anos. Como não consegue elevar a estatura dos seus representantes pelo voto, o brasileiro rebaixa-lhes dramaticamente o pé-direito.
É como se, em tempos de mensalões e de petrolão, as pessoas passassem a enxergar os partidos como meros paraísos fiscais —100% financiados pelo déficit público. Nessa matéria, o que já é ruim pode ficar muito pior. Há 32 partidos registrados no TSE. Outras três dezenas esperam na fila para nascer.
Em termos ideológicos, há de tudo: meia esquerda, um quarto de esquerda, três quartos de esquerda, esquerda Vaccari, direita envergonhada, direita dissimulada, direita responsável, direita Bolsonaro. Para que servem tantos partidos? A maioria dedica-se a fazer negócios.
Enquanto a reforma política não vem, só há duas providências possíveis: pelo lado dos partidos, o restabelecimento de um certo grau recato. O descaramento, quando é muito, prejudica os negócios. Pelo lado do eleitor, o aperfeiçoamento da pontaria. Educação e imprensa livre ajudam. Juntas, levam fatalmente ao à plenitude da consciência crítica.
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