G1
A economia brasileira está uma "bagunça" e enfrentará dificuldades para sair do "atoleiro" onde se encontra. Assim definiu a última edição semanal da revista britânica "The Economist", que dedicou uma matéria de capa sobre os atuais desafios do governo para retomar o crescimento. Leia mais.
De acordo com a publicação, os problemas econômicos do país são bem maiores do que o governo possa admitir ou que os investidores pareçam perceber. "A estagnação adormecida na qual o país caiu em 2013 está se tornando uma completa – e provavelmente prolongada – recessão, uma vez que a inflação pressiona os salários e a capacidade de pagamento das dívidas do consumidor", diz a revista.
Em 2009, a "Economist" publicou uma matéria de capa ilustrada com a imagem do Cristo Redentor decolando como um foguete, sinalizando para um rumo promissor da economia. Mas a revista voltou atrás em 2013, mostrando o mesmo Cristo desgovernado, dando conta de que o país teria perdido a direção.
De acordo com a revista britânica, dois meses após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, os brasileiros "estão percebendo que compraram falsas promessas". A publicação citou o aperto fiscal para equilibrar as contas públicas, os cortes de benefícios previdenciários e a elevação de impostos e preços que estavam represados, além da redução de subsídios a bancos públicos que antes eram repassados a setores e empresas.
A revista também mencionou o escândalo da Petrobras como uma das fragilidades do segundo mandato de Dilma. "Um vasto escândalo de corrupção na Petrobras, a gigante estatal, complicou a situação de diversas das maiores construtoras e paralisou os investimentos na economia, pelo menos até que os promotores e auditores tenham cumprido seu trabalho", diz a revista.
Ainda segundo a publicação, o país enfrenta seu maior desafio desde o início da década de 1990. "Os riscos são claros. Recessão e queda na arrecadação podem minar os ajustes do [ ministro da Fazenda] Joaquim Levy". Para a publicação, qualquer recuo nos indicadores econômicos pode ocasionar, este momento, uma fuga da moeda e um rebaixamento da nota de crédito do Brasil.
Para o país voltar a crescer, é preciso fazer mais do que tem sido feito, diz a publicação. "Pode ser demais esperar de Dilma que reformule as arcaicas leis trabalhistas que ajudaram a retardar a produtividade, mas ela deveria ao menos tentar simplificar os impostos e cortar burocracias desnecessárias", sugere.
A 'Economist' destacou também que há sinais de tentativas de que o governo vai recuar de sua política de incentivo à indústria e encorajar mais o comércio internacional "no que resta de uma economia super protegida".
A publicação amenizou a crise comparando o país com a atual situação econômica da Rússia, citando que o Brasil possui um grande e diversificado setor privado e instituições democráticas robustas. "A hora de colocar tudo no lugar é agora", finaliza.
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