quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Com a OGX já em crise, Eike transferiu R$ 40 milhões para Luma de Oliveira e Flávia Sampaio



RIO - O arresto de ativos financeiros e imóveis no valor de R$ 3 bilhões de Eike Batista, de Thor e Olin, seus dois filhos com Luma de Oliveira, da própria modelo e de Flávia Sampaio, ex-mulher do criador do grupo X, teve entre suas motivações o mapeamento de uma série de doações feitas por Eike, que podem indicar escamoteamento de bens. A informação é do juiz Flávio Roberto de Souza, titular da 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.

Segundo ele, quebras de sigilos fiscal, financeiro e bursátil revelaram que Eike, já sabendo que teria que injetar R$ 1 bilhão na antiga OGX, em dificuldades financeiras, doou seis imóveis em 2013. Também fez doações de altas cifras a familiares. Thor recebeu R$ 137 milhões; Flávia Sampaio, mãe do filho caçula de Eike, R$ 25 milhões, e Luma de Oliveira, R$ 15 milhões.

— São cifras muito altas. Por que todas essas transferências foram feitas? Qual a razão para tamanhas doações no momento em que a empresa entrou em crise e em que Eike já não pagava suas obrigações? Isso pode indicar escamoteamento de bens. Todos precisarão se explicar — diz o magistrado.

O arresto foi determinado pela Justiça Federal no início de janeiro. A decisão, assinada pelo titular da 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, foi cumprida apenas no início desta semana. Além das doações, o aumento do valor dos danos causados pelas empresas do empresário foi outra motivação, de acordo com o magistrado.

— A cláusula put (que previa a injeção de US$ 1 bilhão na OGX pelo empresário), que nunca foi cumprida, tinha valor fixado em dólar em 2012. De lá para cá, a moeda americana subiu exponencialmente. O que temos bloqueado hoje, R$ 230 milhões, já não cobriria a put. Além disso, os crimes pelos quais Eike Batista responde preveem pena de multa de até três vezes o valor do dano — contou o juiz.

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