Líder do governo no Senado e candidato ao governo do Amazonas, o senador Eduardo Braga (PMDB) foi acusado de agredir um fotógrafo amador durante carreata no município de Maraã. Deu-se no último domingo (27). Registrado em vídeo, o incidente foi admitido por Braga em dois textos veiculados na internet. O senador alegou que o fotógrafo, chamado Joel Reis da Silva, o espionava, supostamente a serviço de adversários políticos.
Nesta segunda-feira (28), Joel Reis comunicou o ocorrido ao Ministério Público Federal. Num dos textos que levou à web, Eduardo Braga anotou que, acompanhado de “caravana”, visitou no final de semana cidades da região amazonense do Alto Solimões. Disse ter notado uma anomalia. “Em todos os municípios havia uma pessoa filmando tudo e, principalmente, todos.”
Segundo o senador, o objetivo seria o de “identificar servidores públicos simpatizantes” de sua candidatura, para “justificar futuras perseguições nas repartições e órgãos do governo…” O principal antagonista de Eduardo Braga é o governador amazonense José Melo de Oliveira (Pros), candidato à reeleição.
Na cidade de Maraã, Eduardo Braga disse ter decidido “tomar uma atitude”. Interrompeu a carreata, desceu do veículo e abordou Joel Reis. Segundo o fotógrafo, o senador aplicou-lhe uma “gravata”, perguntou quem havia encomendado as imagens e “tentou puxar a máquina” fotográfica do seu pescoço.
Na versão de Eduardo Braga, a gravata virou um abraço. “Abracei ele e disse: ‘Por que você não faz uma imagem nossa? Quem sabe assim você também será perseguido e perderá seu emprego.” Joel Reis disse ter informado ao senador que não estava a serviço de ninguém e que tirar fotos não é crime.
O fotógrafo acrescentou que foi ameaçado por um correligionário de Eduardo Braga, o candidato a deputado federal Sabino Castelo Branco (PTB). De resto, afirmou que um motorista do senador também puxou a máquina, tentando arrancá-la do seu pescoço.
Num segundo texto que levou à internet, Eduardo Braga descreveu a cena assim: “Um companheiro de nossa equipe não entendeu a situação e tentou tirar a câmera do rapaz. Impedi e disse: ‘Não, não faça isso. Larga a câmera dele’. Nesse momento, outro indivíduo também gravava.” Joel Reis admite ter ficado com a máquina. Mas disse que o equipamento foi danificado.
A filmagem foi entregue ao Ministério Público. E ganhou a internet. Nela, um membro da comitiva do senador aparece tapando com a mão a lente da câmera, obstruindo a gravação. “Infelizmente, nossos adversários editaram o vídeo que registrou esta cena, escondendo o final dela”, anotu Eduardo Baga. “O fato é que tudo terminou com o fotógrafo mantendo o seu equipamento e o cinegrafista com o seu material captado.”
Em sua manifestação perante o Ministério Público (leia abaixo), Joel Reis disse ter deixado a cidade de Maraã. Foi para a capital amazonense, Manaus. Considerando-se ameaçado, pediu proteção de vida. Eduardo Braga rebate afirmando que sua campanha é que vem sendo alvo de “perseguição”. Escreveu: “Centenas de famílias já sofrem com as demissões injustas, por simplesmente exercerem o democrático direito de opção política.”
O senador acrescentou: “De forma orquestrada, postaram nas redes sociais um vídeo feito por pessoas pagas para identificar servidores públicos que, espontaneamente e fora de seus horários de trabalho, participavam em um comício que realizamos em Maraã. Isso, na verdade, tem sido uma prática costumeira em todos os municípios por onde temos discutido nossas ideias e programa de governo.”
O senador prosseguiu: “Chegaram ao ponto de instalar câmera da polícia em frente ao nosso comitê para espionagem. A Justiça já reconheceu o abuso de poder e o propósito político, determinando a retirada imediata do equipamento.” Referia-se a umdespacho do juiz auxiliar do TRE do Amazonas, Márcio Meirelles de Miranda.
No despacho, assinado no domingo (27), o magistrado ordenou a retirada, no prazo de 24 horas, de uma câmera de vigilância instalada por órgão da Secretaria de Segurança Pública do governo amazonense num poste defronte da entrada do comitê eleitoral de Eduardo Braga, em Manaus.
“De fato os argumentos apresentados pela coligação requerente [de Eduardo Braga], revelam uma grave conduta antidemocrática de espionagem eleitoral que, se confirmados, implicariam em grave e inegável violação ao direito de intimidade”, escreveu o juiz Márcio de Miranda em sua decisão.
Ouvido, o governo de José Melo, o rival de Eduardo Braga, informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que a decisão judicial será cumprida. A câmera será instalada noutro ponto da rua onde funciona o comitê do senador. “Esse é um projeto da Secretaria de Segurança Pública para monitorar as ruas de Manaus, não comitê de campanha”, alegou o governo do Amazonas.
E Eduardo Braga: “Não tememos o jogo sujo e sorrateiro do nosso adversário. Nosso caminho é outro. É o da verdade.” Como se vê, está animada a corrida pelo governo amazonense.
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