quinta-feira, 16 de agosto de 2012

BRASIL, A CASA DA MÃE JOANA



Jornal do Comércio


Eis que “Tio Sam” consegue a tão almejada meta de manter um efetivo do seu Exército no território brasileiro para, sob a capa de um acerto mais do que suspeito com a Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codefast), assumir a consultoria pertinente ao desenvolvimento da hidrovia do Rio São Francisco, a ser entregue, sem nenhuma consulta ao povo brasileiro, de mão beijada, ao Corpo de Engenharia do Exército dos EUA. Em seu pronunciamento, o tenente-brigadeiro Douglas Fraser, do Comando Sul das Forças Armada dos EUA, sem maiores delongas, já se manifestou sobre a importância do trabalho conjunto com a Codefasf: “É um privilégio vir ao Brasil para conhecer melhor esse projeto. Esperamos que haja um fortalecimento dessa parceria com novas ações a partir dessa cooperação com a Codefasf. Que tremenda autoconfiança. 

É de se perguntar agora: onde estão os “nacionalistas” do PT, da CUT, da UNE, das esquerdas brasileiras, enfim, daquele “timinho do Foro de São Paulo” que se esgoela vociferando sempre contra o “imperialismo yankee”? Onde estão os “caras-pintadas”, os estudantes, as associações de classe? Enfim, as Forças Armadas não vão se manifestar sobre esta entrega de soberania? Afinal de contas, o fato subliminar e ameaçador já ultrapassou em muito a idiossincrasia da Comissão da “Verdade”, de mão única para a investigação dos excessos na guerra revolucionária dos anos 1960/1970. Que não se duvide, não se trata mais agora de abaixar a crista para a OEA quanto à determinação de um monumento a ser erigido na Academia Militar das Agulhas Negras. Por fim, chegou a hora da verdade: será que vamos admitir que uma tropa estrangeira se estabeleça em território nacional para “dar pitaco” em obras que a arma de engenharia do nosso Exército já deu provas cabais de competência e probidade no uso de recursos provenientes do orçamento da União?

Coronel de Infantaria e Estado-Maior
Paulo Ricardo da Rocha Paiva

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