Estadão

Depois de ter irritado a presidente Dilma Rousseff e o comandante do
Exército, general Enzo Peri, por ter confraternizado com os grevistas da Polícia
Militar da Bahia, o general de Divisão Marco Edson Gonçalves Dias deixa na
próxima sexta-feira o comando da 6.ª Região Militar para comandar uma
"escrivaninha", como o jargão militar trata os cargos burocráticos de menor
importância.
O até então todo poderoso "general do Lula", como muitos o chamavam - por ter
sido responsável pela segurança do ex-presidente durante os oito anos de governo
-, foi exonerado do comando da 6.ª RM e nomeado para ocupar o cargo de diretor
de Civis, Inativos, Pensionistas e Assistência Social do Exército.
A designação, apurou o Estado, desconcertou o general, que acabou se tornando
uma das vítimas do novo estilo de governar de Dilma. Embora a decisão tenha sido
tomada diretamente pelo comandante do Exército, ele não deixou de consultar seus
superiores.
O general Gonçalves Dias não gostou nem um pouco. Ele já sabia que seu
comando estava combalido, desde fevereiro, quando foi repreendido por ter
aparecido, em rede nacional, dizendo aos grevistas que iria negociar com os
amotinados e assegurado a eles - para alguns já havia até ordem de prisão
decretada pela Justiça - que nada aconteceria.
A conduta desagradou o Exército e o Planalto. Um outro general, Odilson
Sampaio Benzi, comandante Militar do Nordeste e superior hierárquico de
Gonçalves Dias, foi chamado a Salvador para assumir o comando das negociações e
endurecer com os grevistas, encerrando o movimento em seguida.
Assim que soube para qual cargo seria "movimentado", o general buscou uma
outra alternativa, tentando um posto com mais expressão. "De fato esse não é dos
cargos mais prestigiados do Exército", disse um general ao Estado, lembrando que
Gonçalves Dias já estava desgastado na Força por ter preferido se afastar do
Exército, ficando um longo período no Palácio do Planalto, ao lado de Lula.
Mesmo tendo sido tão próximo ao ex-presidente, não havia o que fazer. A
decisão de ele ir para o cargo administrativo do Exército já havia sido tomada.
O "general de Lula" deverá permanecer por lá por pouco mais de um ano, quando
deverá ser transferido para a reserva, sem alçar a quarta estrela, o cargo mais
alto do Exército, como desejava.
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