Com um histórico de atuações apagadas diante de maiorias governistas, a oposição na Assembleia Legislativa de São Paulo terá espaço ainda mais reduzido para contrapor e fiscalizar um novo mandato do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Nas eleições deste ano, PT, PC do B e PSOL elegeram para os próximos quatro anos apenas 18 deputados estaduais –a menor bancada oposicionista desde 1998.
Naquele ano, durante o governo de Mário Covas (1999-2002), a oposição era de 16 deputados estaduais, metade do mínimo necessário para se instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Casa Legislativa.
Na nova legislatura, o PT foi o responsável pela redução da bancada de oposição: a sigla perdeu oito cadeiras.
Na avaliação do líder da bancada petista, João Rillo, a diminuição do espaço da sigla deveu-se a fatores como a "criminalização do PT" pelo PSDB durante a campanha.
"Nós precisamos repensar o modelo de oposição na Assembleia Legislativa de São Paulo. É necessário dialogar mais com os diferentes setores da sociedade", defendeu
Na atual legislatura, para a qual elegeu sua maior bancada desde 1994, a oposição conseguiu instalar apenas uma CPI para apurar suspeitas de irregularidades na gestão estadual: a dos Pedágios.
Foi criada no início do ano graças a um cochilo da base aliada. Para evitar que seu uso como munição contra a reeleição de Alckmin, o governo escalou para a comissão uma tropa de ex-secretários estaduais e emplacou deputado estadual Bruno Covas (PSDB) como presidente.
O parlamentar, eleito deputado federal neste ano, é neto de Mário Covas, cujas gestões em São Paulo também foram alvo de investigação da CPI dos Pedágios.
Isolamento
O ex-prefeito de Guarulhos (SP) Elói Pietá, que atuou como líder do PT durante a legislatura de 1999 a 2002, lembra que a oposição não conseguiu, naquela época, instaurar nenhuma CPI.
"Não se conseguia fiscalizar a fundo a administração estadual e não havia diálogo do governo paulista com a oposição. Não se conseguia instalar CPI nenhuma ao menos que a base aliada quisesse. Era um completo domínio do governo", lembra.
O atual líder do governo, Barros Munhoz (PSDB), diz que a força de uma oposição não depende do número de deputados.
"É necessário mudar a qualidade da oposição. Uma oposição com qualidade é aquela que dialoga com o governo sobre emendas e projetos. E não uma oposição improdutiva que obstrui tudo o que é levado para votação", critica.
Folha de São Paulo
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