quinta-feira, 6 de março de 2014

Casos de violência colocam em xeque atuação da Guarda de São José


Guardas municipais durante reintegração de posse no Pinheirinho_Foto Arquivo O VALECasos de violência envolvendo guardas municipais de São José dos Campos reacenderam a polêmica sobre o uso de armas de fogo por esses agentes.

O episódio mais recente aconteceu no dia 2 de fevereiro, quando um guarda --fora do horário de serviço-- atirou três vezes contra um rapaz de 19 anos durante uma briga de vizinhos. A vítima acabou tendo amputada a perna direita, atingida por dois dos disparos.

Este não foi o primeiro caso envolvendo o uso de armas de fogo por guardas municipais de São José. 

Em janeiro de 2012, outro guarda municipal foi acusado de balear um ex-morador do Pinheirinho durante a reintegração de posse da área. David Washington Furtado, 32 anos, levou um tiro nas costas e acabou perdendo parte dos movimentos de uma das pernas. 

Neste caso, o guarda municipal responde a processo na Justiça e ainda pode ser levado a júri popular por tentativa de homicídio.

Discórdia. 
O secretário de Defesa do Cidadão José Luis Nunes, responsável pela Guarda Civil Municipal, disse que o caso deste ano é isolado e não se pode generalizar. 
“Foi aberto um processo administrativo para apurar se houve imprudência do guarda. No geral, temos uma guarda exemplar em São José. Todos recebem um forte treinamento físico, teórico, de cidadania, sobre conflitos, inclusive na Polícia Federal. Também contamos com atendimento psicológico. É um conteúdo exigente e ninguém porta a arma da noite para o dia”, afirmou o secretário. 

Último recurso.
O especialista em segurança pública José Vicente da Silva, coronel reformado da Polícia Militar, entende que o porte de arma de fogo deveria ser restrito às polícias. 

“Até mesmo no Rio de Janeiro, onde a violência é mais acentuada, os guardas municipais não usam armas letais. As situações de risco deveriam ser de responsabilidade das polícias civil e militar, melhores preparadas”, disse. 

“A qualidade no preparo desses guardas para saber quando não atirar é deficiente de uma maneira geral.”

José Vicente explicou que, nos treinamentos das Polícias Civil e Militar, existe a preocupação de que a arma seja utilizada como último recurso. “Os agentes de segurança precisam saber abordar as pessoas, usando progressivamente a força. Ir sacando a arma logo de cara é totalmente errado”, sentencia.

Candidatos devem ter ‘ficha limpa’
Os novos guardas municipais cumprem 540 horas de treinamentos antes de iniciar o trabalho nas ruas, segundo a prefeitura. Os novos agentes devem ter entre 18 a 25 anos, não possuírem antecedentes criminais e ter ensino médio completo. “Os guardas fazem reciclagens constantemente”, disse o secretário de Defesa do Cidadão José Luís Nunes.

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