Estava escrito nas estrelas: empresas acusadas de formar cartel para fraudar licitações de trens realizadas pelos governos de São Paulo e Brasília agiram também em concorrências de duas estatais federais: a CBTU e a Trensurb, ambas vinculadas ao Ministério das Cidades, um feudo confiado por Dilma Rousseff ao PP.
Papeis colecionados pelo Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, apontam indícios de fraude em pelo menos duas concorrências federais. Numa, compraram-se dez trens para a cidade de Belo Horizonte por R$ 172 milhões. A Alstom beliscou 7% e a empresa CAF, 93%. Noutra, adquiriram-se 15 trens para Porto Alegre por R$ 243 milhões. Dessa vez, a Alstom mordeu 93% e a A CAF, 7%.
A Alstom negou que haja mutreta nas licitações. A CAF silenciou. A Trensurb diz desconhecer a existência de fraudes. A CBTU não disse nada. A Polícia Federal e o Ministério Público tentam acomodar as coisas em pratos asseados. De concreto, por ora, apenas a impressão de que a ética não deve ser o principal mote da eleição de 2014. Matéria prima não falta. Mas quem vai atirar a primeira pedra?
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