Josias de Souza
Do mato do Congresso, você sabe, não sai coelho. Sai víbora, mensaleiro, escorpião, outro mensaleiro, roedor, Donadon, hiena, Cassol… Por sorte, a sessão em que os deputados salvaram o mandato do companheiro presidiário Natan Donadon não foi testemunhada pelo macaco. Do contrário, ele teria feito uma pergunta constrangedora: “Valeu a pena?”
De tão perturbadoras, as cenas provocaram nos seus protagonistas um surto de ridículo. Numa tentativa desesperada de reverter a impressão de que pararam de evoluir, os deputados aprovaram nesta quarta-feira (25) a abertura de investigação contra Donadon no Conselho de Ética. Acusam-no de quebra do decoro parlamentar. A condenação no STF por peculato e formação de quadrilha dispensa explicações.
Afora os crimes cabeludos que a Câmara ignorou, o relator José Carlos Araújo (PSD-BA) considerou um “escárnio” o fato de Donadon ter votado contra sua própria cassação. Bobagem. Nada mais natural que o condenado se auto-brindasse com um voto defensivo. Zombaria mesmo foi a montanha de votos que, misturados às ausências e às abstenções, livraram a cara de Donadon.
Naquela fatídica noite, os deputados começaram a sessão bípedes. Durante a evolução dos trabalhos, foram ficando de quatro. Agora, tentam tirar os joelhos e as mãos do chão. Se voltasse à cena, o macaco indagaria: “Não vão pedir desculpas a Darwin?”
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