terça-feira, 12 de abril de 2011

O brasileiro Ricardo Costa está preso há dois anos sob falsa acusação de abuso sexual contra os próprios filhos

G1

O brasileiro vai completar dois anos e meio atrás das grades, num caso que ganhou notoriedade também pela astronômica fiança fixada pela justiça americana.

Oitocentos e quarenta e três dias sem julgamento, alegando inocência. O brasileiro Ricardo Costa, de 39 anos, é acusado pela ex-mulher de abusar sexualmente dos próprios filhos -- Sage, Rosie e Eden. Pela lei americana já era para ele ter sido julgado.

Mas o fast trial - que em inglês significa julgamento rápido - não foi aplicado porque o caso nunca chegou a completar 150 dias não mão de um juiz. Quatro já cuidaram dessa história.

Rafael Costa contou que o irmão foi vítima de uma armação da ex-mulher. "A única coisa que a gente está brigando há mais de dois anos é que a gente tenha um julgamento e possa ser ouvido", diz o irmão de Ricardo, Rafael Costa.

Depois do divórcio - durante um ano - as crianças passaram a frequentar um local onde funcionava o consultório da psicóloga Linda Bennardo. Hoje, o lugar está vazio, fechado porque ela perdeu a licença para exercer a profissão.

Isso aconteceu depois que a justiça inocentou outros três pais - que também foram acusados de abuso sexual e que também tiveram os filhos aconselhados por Linda Bennardo.

Jeff Mcgrafth é um deles. Hoje tem a guarda das crianças. A ex-mulher que o acusava de violentar o menino acabou condenada por mentir.

Fomos procurar a psicóloga num outro endereço. "A mesma coisa. Ninguém." Por telefone, nenhuma resposta.

Fomos tentar ouvir a ex-mulher de Ricardo Costa. A filha Rosie atendeu. Disse que a mãe não poderia falar e ainda chamou a polícia. "Vou ter que desligar o telefone que a polícia está chegando."

Ligamos mais de 15 vezes para o advogado de Angela e nenhum retorno. Fomos autorizados a entrar na cadeia onde está Ricardo Costa, sem câmera.

Foram 40 minutos de conversa. Ricardo Costa aparentou estar bem consciente do processo que enfrenta. Disse a todo tempo ser inocente e que só fez o bem para os filhos.

Afirmou ser vítima do preconceito do estado do Arizona por ser estrangeiro. Para Ricardo Costa o julgamento ainda não aconteceu porque o estado teme - não só o pedido de indenização - mas outras cobranças que possam vir a ser feitas caso ele saia da prisão.

Ricardo disse também que recebeu mais de 20 propostas para assumir a culpa pelo crime. Ele ganharia a liberdade imediatamente e seria deportado para o Brasil. Não veria mais os filhos e o caso estaria encerrado, mas ele não quer.

"Se eu assinar eu estaria fazendo com que meus filhos soubessem de algo que não é verdade e fossem assombrados por essa mentira pelo resto da vida deles", diz Ricardo.

Na última decisão, a juíza de Yavapai, determinou o pagamento de 75 milhões de dólares caso Ricardo Costa queira responder o processo em liberdade. É a maior fiança da história da justiça americana.

Bem superior a oferecida a Michael Jackson na acusação de abuso de menores. Bem acima da cobrada do californiano Phillip Garrido - que confessou ter mantido relações sexuais com a própria filha durante 18 anos. Fiança alta, réu dizendo que é inocente, julgamento sem data, está difícil de ser esclarecido. O caso do brasileiro Ricardo e da americana Angela está difícil de ser esclarecido.

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