quinta-feira, 28 de abril de 2011

O PT privatizou os aeroportos. E agora?

Na terça-feira, o governo federal confirmou que as ampliações nos aeroportos de Guarulhos (SP), Brasília e Campinas (SP) serão feitas por meio de concessões à iniciativa privada. É uma iniciativa necessária diante da precariedade do setor e das preocupantes perspectivas para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. É também uma quebra de paradigma por parte do PT, o partido da presidente Dilma Rousseff.

Quando era oposição, o partido massacrou o governo FHC por conta das privatizações. Nas últimas campanhas presidenciais, usou esse argumento sem pudores – a ponto de fazer Geraldo Alckmin, presidenciável em 2006, usar um ridículo colete com adesivos de empresas estatais como a Petrobras e o Banco do Brasil para se livrar do rótulo de privatista. E, agora, privatizou os aeroportos. O que se deve entender disso?

Ao jornal O Globo, o coordenador de infraestrutura da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, matou a charada.

[Para Resende] a decisão de conceder à iniciativa privada alguns dos principais aeroportos do país mostra que a face gestora de Dilma se sobrepôs a face política, diante das necessidades do setor e os possíveis constrangimentos durante a Copa: “A voz da gestora falou mais alto. Enquanto em outras áreas da economia se percebe uma tendência à centralização nas mãos do Estado na aviação a ideologia ficou de lado”

Ao que parece, para Dilma – pelo menos no que diz respeito aos aeroportos – valeu a lógica de Daniel Bell, sociólogo americano morto em janeiro, para quem a ideologia sabia as respostas antes que as perguntas fossem feitas. “A ideologia torna desnecessário que as pessoas confrontem assuntos específicos em seus méritos individuais”, dizia. Resta saber como os setores estatistas do PT receberão essa notícia. E se Dilma vai continuar agindo assim daqui para frente.

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