sexta-feira, 26 de abril de 2024

Professora é ameaçada por mãe de aluna após corrigir redação que acusava Moraes de ‘acabar com leis’



Uma professora de escola pública do Distrito Federal foi ameaçada pela mãe de uma aluna após corrigir uma redação que acusava o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de “acabar com as leis” do País. A responsável pela adolescente, que estuda no segundo ano do ensino médio, disse que não aceitaria que a filha fosse “doutrinada” e “esfregaria o celular na cara” da docente para comprovar que ela estava errada.

A ameaça se deu na última quarta-feira, 17, após uma atividade de redação no Centro de Ensino Médio 01 do Gama, uma escola pública localizada a 35 quilômetros da sede do STF. O caso foi revelado pelo Metrópoles e confirmado pelo Estadão.

A professora explicou para a aluna que, de acordo com a Constituição Federal, a função de elaborar leis cabe ao Poder Legislativo, e não ao Judiciário. A estudante repassou o que a docente disse para a mãe que, inicialmente, enviou um áudio via WhatsApp acusando a escola de “doutrinação”.

O diretor do colégio relatou a deputados da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que a mãe disse que era amiga dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), do deputado Gustavo Gayer (PL-GO) e do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), que são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A responsável chegou a ir presencialmente na escola, onde disse à coordenação da instituição que ia “procurar os direitos” dela.

O Estadão procurou Cleitinho Azevedo, Gustavo Gayer e Nikolas Ferreira, mas não obteve retorno até o momento.

Após o episódio, a aluna foi transferida da escola após um acordo entre a instituição e a responsável pela estudante. A professora pediu licença médica por 30 dias por conta do trauma psicológico sofrido após as ameaças. A direção do colégio discute uma possível transferência da docente.

Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal afirmou que “agiu prontamente” após ser informada sobre o pedido de transferência da aluna. A pasta disse também que a situação está sob supervisão direta da Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama e que, se for necessário, tomará outras medidas administrativas.

“Reiteramos o compromisso da Secretaria de Educação com a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos no ambiente escolar. A escola é um espaço de aprendizado e convivência pacífica, onde se promove a cultura da paz, e a pasta repudia veementemente qualquer forma de violência, seja ela de natureza moral ou física. Reafirmamos nosso empenho em manter um ambiente escolar seguro e acolhedor para todos os alunos, professores e funcionários”, afirmou a secretaria.

A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, afirmou ao Estadão que a pasta trabalha na promoção de um ambiente escolar pacífico e harmonioso. “O foco está centrado na promoção da cultura de paz, visando não apenas ao desenvolvimento acadêmico, mas também ao bem-estar emocional e social dos alunos. Acreditamos que um ambiente escolar acolhedor é essencial para o sucesso educacional e o crescimento pessoal dos estudantes”, disse.

No Estadão

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