quinta-feira, 18 de abril de 2024

Bomba de Musk vendida por golpistas é biribinha. E outro herói 'moralista'


"Bomba" preparada por Elon Musk (esq.) e Jim Jordan não passa de biribinha. Um relatório ridículo

Ah...

Lá estão os bolsonaristas no X a anunciar a suposta "bomba" de Elon Musk contra Alexandre de Moraes... Sim, é vergonhoso, é constrangedor, é ridículo... A bomba não passa de uma biribinha ridícula. Fazer o quê? O bando trumpista da Comissão de Justiça da Câmara dos EUA divulgou um "relatório" que lista ordens expedidas pelo TSE e pelo STF, no âmbito de inquéritos sigilosos, determinando a suspensão de perfis do próprio X e de páginas de outras redes.

Quem lidera a iniciativa é o presidente da Comissão, um delinquente político disfarçado de deputado chamado Jim Jordan, um ex-lutador e ex-técnico de "wrestling" — a "luta livre", que, no Brasil, sempre teve outro significado. Já explico por que isso é relevante para o perfil desse "patriota" republicano.

VIRAMOS COLÔNIA?

Ah, sim: os bravos dizem que a comissão dará continuidade à investigação e que pretendem discutir "medidas legislativas" em defesa da liberdade de expressão. É mesmo? Uau! Ainda teremos um PL ou uma PEC escrita por algum deputado americano???

Como o ridículo não tem limites, ignorando a efetiva independência entre os Poderes no Brasil, os autores do relatório solicitam eventuais trocas de mensagens havidas entre funcionários do Departamento de Estado dos EUA e a diplomacia brasileira ou o governo propriamente sobre decisões tomadas por Moraes referentes à suspensão de perfis no X. Hein???

Ah, sim: eles também querem saber que providências o governo dos EUA pretende tomar. Huuummm... Que tal mandar um porta-aviões?

Boa parte dos "casos denunciados", que denúncias não são, era de conhecimento público. A grande "bomba" é só mais uma fraude destinada a manter mobilizada a extrema-direita. Mais: entre os documentos vazados, há, por exemplo, ameaças claras a Moraes e evidências de outras práticas criminosas.

GOLPISMO CONTINUA

Eis aí: pode-se perceber, mais uma vez, o modo escolhido por Jair Bolsonaro para tentar se livrar da condenação e da cadeia: intimidar a Justiça -- agora com o auxílio de, digamos, "forças externas". O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou um vídeo de seu pai expressando gratidão a Musk e afirmando que houve censura no Brasil "antes, durante e depois das eleições".

O próprio empresário retuitou conteúdo de um usuário do X sobre o "relatório" com a seguinte mensagem, marcando o nome de Moraes: "As ações de censura contra representantes eleitos exigidas por @alexandre violam a legislação brasileira".

Bem, estamos no teatro do absurdo. Não há censura nem violação da legislação brasileira. Ainda que assim fosse, Musk não é juiz.

O vomitório nas redes, em especial no X, é impressionante. Vendem a incautos a farsa de que o Congresso americano ou o governo dos EUA poderiam tomar alguma decisão contra o STF para, como é mesmo?, "restaurar a liberdade de expressão" no Brasil.

ASSÉDIO, ESTUPRO E OMISSÃO

Jordan, usado para lavar o vazamento feito por Musk, é um "patriota" americano notável. Votou contra o reconhecimento da vitória de Joe Biden e apoiou ações judiciais contestando o resultado das eleições.

Antes de ser um "conservador" tão loquaz, atuou, entre 1987 e 1995, como assistente técnico dos atletas de "wrestling" da Universidade Estadual de Ohio. Richard Strauss, o médico que acompanhava os treinamentos, se matou em 2005, quando começaram a pipocar contra ele denúncias por assédio sexual.

A universidade deu início a uma investigação independente só em 2018 e concluiu que pelo menos 177 estudantes sofreram abusos que iam de carícias íntimas a exames genitais e retais desnecessários. Pessoas envolvidas com a apuração sustentaram que não havia como Jordan ignorar o que se passava. Ele, no entanto, se negou a colaborar com a investigação e acusou, como de hábito, uma conspiração política.

"O que isso tem a ver com o caso da divulgação do dossiê picareta, Reinaldo?" Diria que nada e tudo. É "nada" porque, efetivamente, não há relação entre as duas coisas. É "tudo" porque ainda não inventaram nenhum prosélito estridente, desses que batem no peito exaltando as próprias virtudes, muito especialmente as morais, que não tenha um pé, quando não os dois, na sordidez. O doutor Strauss não resistia a rapazes de "collant". Até aí, bem. O problema é que usou o seu poder para manter relações abusivas. Jordan, esse amante da liberdade aqui no Brasil, preferiu ignorar a violência e se negou a colaborar com a investigação em seu país.

Esses "patriotas" sem pátria são iguais em toda parte.

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