quinta-feira, 23 de março de 2023

Lula paga antecipadamente ao centrão por apoio a propostas que não enviou



Na gestão Bolsonaro, a verba orçamentária escorria pelo ladrão escondida em emendas secretas atribuídas ao relator da Comissão de Orçamento do Congresso. Com atraso, o Supremo Tribunal Federal decidiu que era inconstitucional. Sob Lula, o dinheiro que deveria ser aplicado pelos ministérios continua escoando sem transparência para as mãos de congressistas aliados. Antes, eram lançadas na rubrica RP9. Agora as emendas viraram RP2. Quase tudo muda no Brasil, exceto a imoralidade, que continua.

Chamado por Lula de "imperador" da gestão Bolsonaro, Arthur Lira manteve o seu império. Notícia veiculada pelo Globo informa que o Ministério da Integração destinou desde janeiro R$ 124 milhões à superintendência da Codevasf em Alagoas, comandada desde por 2021 João José Pereira Filho, o Joãozinho, primo do presidente da Câmara. A verba irrigará canteiros de obras em dez cidades alagoanas. Nove têm prefeituras comandadas por aliados de Lira. Duas são governadas por primos do imperador.

Inspeções realizadas pelo TCU e pela CGU em contratos da Codevasf revelam que a estatal virou um ninho de desvios e ilegalidades. A sobrevivência do orçamento secreto, agora convertido num esquema em que os ministérios terceirizam a aplicação da verba ao rebotalho parlamentar, revela que Lula tornou-se um presidente mais generoso do que Bolsonaro. Ele paga antecipadamente pelo apoio a projetos que o governo ainda nem enviou ao Congresso.

É como se o centrão tivesse inaugurado um consórcio. O Planalto paga em prestações os cargos e as verbas. Mas terá que fazer vários lance$ quando quiser adquirir os votos necessários à aprovação de propostas como a da nova regra fiscal e a da reforma tributária.

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