terça-feira, 14 de março de 2023

Bolsonaro ajusta estratégia por medo de batida policial e pedido de prisão



Há um provérbio árabe segundo o qual "aquele que teme algo confere a isso poder sobre ele". Bolsonaro está com medo das consequências judiciais do escândalo das joias da Arábia Saudita. Por isso ajustou sua estratégia, informa um de seus aliados. Por meio dos advogados, realizou dois movimentos.

Num, Bolsonaro se ofereceu ao Tribunal de Contas da União para devolver o estojo com itens de luxo do qual se apropriou ilegalmente, Noutro, colocou-se à disposição da Polícia Federal para prestar depoimento. Tenta evitar uma batida policial de busca e apreensão e um pedido de prisão.

Bolsonaro se mexeu na véspera do depoimento do almirante Bento Albuquerque. Chefe da delegação brasileira que escondeu na bagagem os supostos presentes da Arábia Saudita em 2021, o ex-ministro será inquirido pela PF nesta terça-feira. As joias de R$ 16,5 milhões que ele disse na alfândega que iriam para Michelle Bolsonaro foram confiscadas pelo Fisco. O estojo apropriado por Bolsonaro —com relógio, abotoaduras, anel, caneta e um rosário islâmico— escapou à fiscalização.

Na prática, o capitão se rende à realidade. O TCU já sinalizava a intenção de rever decisão do ministro bolsonarista Augusto Nardes. Ele proibiu Bolsonaro de usar ou vender os itens que levou na mudança, mas permitiu que fossem mantidos sob sua guarda. O depoimento do ex-presidente à PF é incontornável.

Refugiado na Flórida, Bolsonaro colocou seus pés de barro no artigo 312 do Código de Processo Penal. Como explicou a repórter Carolina Brígido, passou a flertar com o risco de um pedido de prisão cautelar por "evasão do distrito de culpa". É quando a fuga passa a ser vista como tentativa de frustrar a aplicação da lei.

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