sexta-feira, 24 de março de 2023

Lula deixou seu governo zonzo ao fazer da limonada um limão no caso do PCC



Sergio Moro desperta em Lula os instintos mais primitivos. Quando se refere ao inimigo, o presidente troca o cérebro pelo fígado. Fala dez vezes antes de pensar. Ao tratar como farsa o plano do PCC para sequestrar e eliminar Moro e outras autoridades, Lula conseguiu uma proeza indigesta: fez da limonada um limão. Deixou zonzos o governo e seus aliados. Tirou o bolsonarismo das cordas. E prolongou os holofotes de Moro.

Como qualquer político de palavra fácil, Lula flerta constantemente com a maldição do cano furado. O cano danificado desperdiça água. Gente como Lula às vezes esbanja tolices. Não bastasse ter declarado que idealizou na cela de Curitiba o momento em que conseguiria "foder esse Moro", resolveu afirmar sem provas que a trama do PCC é "uma armação do Moro".

Lula soltou do cabresto uma tese que seus assessores tentavam manter aprisionada nos bastidores. Parecia inconformado com duas coincidências: 1) A operação contra o PCC foi deflagrada um dia depois de ele ter revelado o desejo de fornicar Moro. 2) A magistrada responsável pelo caso é Gabriela Hardt, que foi juíza auxiliar de Moro na vara da Lava Jato.

Ao jogar a tese do complô no ventilador, Lula carbonizou o esforço do ministro da Justiça Flávio Dino para converter a eficiência da Polícia Federal num ativo político. Nesta sexta-feira, Dino teria uma conversa com Lula no Planalto. Marcado antes de o presidente ser diagnosticado com pneumonia, o encontro teria a participação dos líderes do governo no Congresso, o vice-presidente Geraldo Alckmin e outros cinco ministros. A encrenca do PCC, que não estava na pauta, tornara-se um tema incontornável.

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