segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Lições de história do talvez embaixador - Simplesmente vergonhoso!



Nosso possível futuro embaixador nos EUA, Eduardo Bolsonaro, resolveu demonstrar no Twitter que está fazendo a lição de casa. Estuda história, ele assegura. Por um canal de Youtube. Até aí, vá lá… Se o conteúdo é bom, que seja por esse meio. Como desconheço a referência que ele cita, não avalio. 

O que choca é outra coisa. Escreveu ontem o gajo: "Tenho estudado para a sabatina e isso inclui estudar a história nacional. Assim, tenho revisto episódios do @brasilparalelo sobre a história do Brasil, como o episódio que trata da nossa independência passando por Leopoldina, Bonifácio e Princesa Isabel:"

Entendo… 

Sim, faz sentido estudar a atuação de princesa Leopoldina e José Bonifácio no contexto da independência do Brasil, cujo desfecho se deu em 1822. Mas o que faz princesa Isabel aí? Seu pai, Dom Pedro 2º, nasceu só em 1825, três anos depois do tal "Grito"… 

Isabel, neta de Pedro 1º, veio ao mundo em 1846. E sua atuação, como sabem os infantes dos primeiros anos do ensino fundamental, deve ser pensada no contexto da proclamação da República. Não é possível que o talvez embaixador nunca tenha ouvido falar da tal "Lei Áurea", a que extinguiu a escravidão…

Um seguidor de Eduardo comentou a sua postagem: "Diplomata de carreira não precisa estudar história brasileira pra sabatina. Já chega preparado pelo Instituto Rio Branco e muitos anos de carreira em representações brasileiras ao redor do mundo. E, na hipótese de estudar para a sabatina, buscaria fontes respeitáveis." 

O Zero Dois se zangou: "O que vou responder para um cara que tem escrito de Santo Agostinho no perfil e dá um exemplo de arrogância desse? Deve ser mais um jegue com um diploma na parede achando que isso é sinônimo de conhecimento. Por piedade sugiro: estude Sócrates (Grécia Ant.) 'só sei que nada sei'."

Pois é… Dizer o quê? 

De fato, ninguém precisa de diploma para saber que a Princesa Isabel era filha de Dom Pedro 2º, neta de Dom Pedro 1º e que nada teve a ver com a independência. Quando ela nasceu, diga-se, o avô estava morto havia 13 anos… 

Mas, como se nota, Eduardo, o diplomata, não hesita em chamar o outro de "jegue". E não é do tipo que respeite diploma. O que importa, afinal, é o conhecimento, certo, embaixador?

Quando a Sócrates… Não sei se a tal página da Internet envereda também pela filosofia. Ô Eduardo!!! Sócrates não confessava ignorância, mas apenas fazia exercício de humildade intelectual, o que ficava bem no caso dele, que sabia muito para a época. Não fica bem no seu caso… 

É decoroso quem sabe muito dizer "só sei que nada sei", certo de que se aprende sempre. Mas a frase não faz sentido na boca de quem nem sabe o quanto não sabe.

SILVIO SANTOS 
Eduardo e seu irmão senador, Flávio Bolsonaro, participaram de um quadro chamado "Jogo das Três Pistas" no programa Silvio Santos. Uma das questões: "Foi presidente, nasceu em São Borja, esposa bonita". Nem um nem outro responderam "João Goulart". Para um deputado e um senador, a ignorância é inaceitável. Mas há aí alguma dificuldade. 

Ocorre que a coisa piora muito. Mais adiante, vieram estas outras três pistas: "Nasceu em Mato Grosso do Sul, proibiu o biquíni, renunciou à Presidência". Por incrível que pareça, Eduardo respondeu: "Médici". Santo Deus! 

Segue vídeo.


Quatro presidentes renunciaram: Deodoro da Fonseca, Getúlio Vargas (na verdade, foi deposto em 1945, mas passou como renúncia), Jânio Quadros e Fernando Collor. Mas só um enroscou com o biquíni… Não! Os bravos não se lembraram de Jânio Quadros. 

É do balacobaco o filho do "Capitão", que tem um governo coalhado de generais, chutar que Emílio Garrastazu Médici, o presidente mais popular do ciclo militar, renunciou. 

Não há Sócrates que dê jeito. 

Resta a Eduardo torcer para que a sabatina no Senado seja mais fácil do que o "Jogo das Três Pistas", de Silvio Santos.

Por Reinaldo azevedo

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