Que há um cerco contra o presidente Michel Temer, isso é inegável. Quando se decreta a prisão, pouco importa se temporária, de pessoas tão próximas do chefe do Executivo, o que se pretende é mandar um recado. Fora do Brasil, dando um curso sei lá de quê na Colômbia, Rodrigo Janot comemora com um enigma: “Começou? Acho que sim!”
Começou o quê?
Janot tentou depor o presidente duas vezes. Certamente ele imagina uma terceira rodada. Imaginem vocês: na reta da eleição.
O decreto dos portos, basta lê-lo, é de tal sorte ampla que fica difícil evidenciar que foi feito para beneficiar a tal Rodrimar.
Resta evidente que se promove um troço mais amplo, uma espécie de devassa nos portos em busca de alguma coisa.
E as prisões?
Ora, os mandados de busca e apreensão dariam conta de colher documentos ou o que fosse. Prisões, nesse caso, são rituais de humilhação.
Raquel Dodge, com o claro propósito de contornar uma decisão do Supremo, do ministro Gilmar Mendes, resolveu pedir as prisões provisórias já que o tribunal proibiu as conduções coercitivas sem razão.
Vejam, então, como estão as coisas:
1: um ministro de tribunal superior, seguindo a lei, proíbe a condução coercitiva a não ser nos casos previstos em lei;
2: como a condução coercitiva é parte do ritual de humilhação a que o MPF e a PF fazem questão de submeter as pessoas investigadas, a doutora, então, dá um truque — aceito, obviamente, por Barroso — e, para efetivar a busca e apreensão, decreta a prisão temporária;
3: vale dizer: já que estão proibidos de humilhar as pessoas no grau, digamos, 2, então que se humilhe no grau 3.
Notem que não estou entrando no mérito da coisa em si. Só estou demonstrando que, junto com a investigação, há um braço de ferro.
A narrativa é saborosa demais para o Partido da Polícia, ao qual a imprensa adere de forma cega: um ex-presidente está para ser preso, a menos que obtenha o habeas corpus, que está sendo demonizado por aí. O presidente atual está sob cerco, e a anterior foi deposta.
Vale dizer: o sistema não presta.
Aonde isso vai dar? Talvez em Jair Bolsonaro.
E todos seremos felizes.
Por Reinaldo Azevedo
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