Não foi só no Brasil que a campanha publicitária do papel higiênico preto da marca Personal, fabricado pela Santher, causou polêmica. O assunto foi parar no site do jornal britânico The Guardian e do português Jornal de Notícias.
A campanha foi acusada de racismo por se apropriar do slogan ‘Black is Beautiful’ (preto é lindo), usado pelo movimento negro americano desde a década de 60. No Guardian, a notícia aparecia na lista de mais lidas do site desta terça e quarta-feira.
O advogado Humberto Adami, presidente nacional da Comissão da Verdade da Escravidão Negra do Brasil da OAB, disse ao jornal que esse episódio de racismo é só o mais recente de vários envolvendo a publicidade. “Esse tipo de anúncio com racismo subliminar deve ser removido, pois reforça o ensino do racismo.”
Os dois sites mencionam o post do escritor Anderson França, que afirmou que “se você digitar ‘black is beautiful’ em qualquer lugar do mundo encontrará referências a Angela Davis, Malcolm X, O Partido Panteras Negras para Autodefesa, Fela Kuti, James Baldwin, Nina Simone. Mas, no Brasil, se você digitar #blackisbeautiful você vai encontrar papel de bunda. […] Aquilo que você usa pra se limpar de excremento, e em seguida elimina, tomado de nojo e aversão. Aquilo que tem apenas uma função: limpar fezes e secar urina de suas carnes, e ir para o lixo. Se isso não é uma demonstração explícita de racismo e humilhação étnica, criminosa, eu perdi alguma aula.”
A publicação britânica ainda explica a seus leitores que, no Brasil, embora mais da metade das pessoas se identifique como pardas ou negras, na publicidade predominam os rostos brancos. “A agência de publicidade Africa, por exemplo, exibe vários de seus funcionários em sua página de Facebook – mas apenas um deles não é branco”, completa.
A atriz Marina Ruy Barbosa, estrela da campanha, escreveu em seu perfil no Instagram:“Peço desculpas às pessoas que se sentiram afetadas. Estou bem triste por tudo isso e espero que entendam que jamais foi feito com a intenção de ofender”.
A agência Neogama, responsável pela campanha, e a Santher, empresa dona da marca, disseram que o único objetivo da mensagem foi o “de destacar um produto que segue tendência de design já existente no exterior”, e que não houve pretensão de nenhum outro significado.
“Refutamos toda e qualquer insinuação ou acusação de preconceito neste caso e lamentamos outro entendimento que não seja o explicitado na peça”, escreveram as empresas.
A agência informou que retirou o slogan da publicidade e pediu desculpas por eventual associação ao movimento negro, “tão respeitado e admirado por nós”, escreveu.
Na Veja.com
Um comentário:
Por que os brancos, pretos, amarelos, pardos e outras cores nunca se ofenderam em fazer uso de papel higiênico branco?
O "politicamente correto" está promovendo ódio e conflitos. A troco de quê? Até quando?
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