sexta-feira, 31 de julho de 2015

Delator de Cunha forneceu ‘provas definitivas’



Na entrevista que concedeu ao Jornal Nacional na noite desta quinta-feira, a advogada Beatriz Catta Preta declarou que seu ex-cliente Júlio Camargo não se limitou a declarar que repassou propina de US$ 5 milhões ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

“Todos os depoimentos prestados sempre vieram respaldados com informações, dados, documentos, provas definitivas”, disse Catta Preta, que comandava a defesa de Júlio Camargo na época em que o lobista foi inquirido na Procuradoria da República, em Brasília. “Nunca houve só o dizer por dizer.”

Na mesma entrevista, a doutora declarou ter abandonado os nove clientes que defendia na Lava Jato e a própria advocacia. Alega sentir-se ameaçada por integrantes da CPI da Petrobras, que a convocaram para prestar depoimento. Afirmou que a pressão aumentou depois que Júlio Camargo alterou depoimentos anteriores, para incluir Cunha e os US$ 5 milhões no enredo de sua delação.

Foi a partir dessa nova revelação do Júlio Camargo que a senhora sentiu que o foco de retaliação se voltou pra senhora?, quis saber o entrevistador. E Catta Preta: “Sim. Vamos dizer que aumentou essa pressão, aumentou essa tentativa de intimidação a mim e a minha família.”

Por que Julio Camargo não citara Cunha em seus primeiros depoimentos? “Receio. Ele tinha medo de chegar ao presidente da Câmara.” O que o fez mudar de ideia? “A colaboração dele, a fidelidade, a fidedignidade da colaboração, o fato de que um colaborador não pode omitir fatos, não pode mentir, o levaram então a assumir o risco. Aquele risco que ele temia, e levar todos os fatos então à Procuradoria-Geral da República.”

Eduardo Cunha veiculou no Facebook uma resposta. “Reitero que não tenho qualquer interferência na CPI”, anotou o presidente da Câmara. Sustenta que não sabia da convocação da advogada para depor na CPI. “Desconhecia a sua convocação, que se deu com certeza antes de o delator mudar a sua versão.”

Cunha divulgou também uma nota do seu advogado, o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza. Nela, lê-se o seguinte: 'A mentira salta aos olhos. Nego com veemência o envolvimento do presidente da Câmara nas fraudes. As declarações de Beatriz Catta Preta não fazem sentido, uma vez que Júlio Camargo já havia negado publicamente o envolvimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.”

Antonio Fernando prosseguiu: “ As declarações da advogada dão a impressão de uma coisa montada. A mentira salta aos olhos. Nego com veemência o envolvimento do presidente da Câmara nas fraudes e tenho certeza de que Júlio Camargo não tem nenhum documento que ligue Eduardo Cunha às irregularidades.''

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