ENQUANTO D. MARIA HELENA DESABAVA, O MINISTRO DA JUSTIÇA OLHAVA PARA OS CANTOS, EM SILÊNCIO. |
Uma produtora rural do Mato Grosso do Sul, Maria Helena Vanzela Ramos, que teve sua terra invadida por índios fez um desabafo indignado e chorou, diante do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), durante uma audiência com a bancada do seu Estado, terça-feira passada. O desabafo da mulher expôs a confusão mental, o preconceito e até a ignorância de autoridades que, como Cardozo, lidam com esse tipo de problema.
O governo federal faz vistas grossas às invasões de índios em propriedades rurais legalizadas, escrituradas, muitas delas pertencentes a família há várias gerações. A senhora chora enquanto descreve a situação que passa atualmente, vivendo de favores, porque não pode trabalhar na terra que lhe pertence.
Durante todo o desabafo da Maria Helena, Cardozo permanece em silêncio, olhando para os lados, visivelmente incomodado. "Sou uma mãe de família, trabalhei a vida inteira", diz a mulher aos prantos. "Eles (os índicos) têm direitos, mas nós também temos", ensina ela a Cardozo, "e nossas terras não são área indígena".
Ela cobrou uma solução para o conflito entre fazendeiros e índios na região de fronteira do estado, próxima ao Paraguai. No vídeo, Maria Helena conta que indígenas invadiram as terras dela e de outros fazendeiros, em Coronel Sapucaia (MS), expulsando-os. No local, segundo ela, eles fazem uso de álcool e drogas. “Vemos índios com camionetas (da Funai) sendo escoltados, e nós correndo risco de vida”.
Cardozo, assim como outras autoridades presentes na reunião, aparece nas imagens de cabeça baixa ou olhando para os lados, enquanto a produtora falava. Participaram também da reunião o presidente da Funai, João Pedro Gonçalves da Costa, o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, o senador Moka (PMDB-MS), além de outros parlamentares.
Embora critique a invasão, a produtora rural aponta também a omissão do Estado na situação de calamidade vivida pelos índios da região. “Presidente da Funai, vá lá ver a situação. Aqueles índios morrendo de fome, três dias sem comer. Eles são humanos, eles são crianças, são velhos, são pessoas, têm direito também. Quem incentiva a invasão (que) incentive eles a trabalhar, a produzir”, diz a mulher, no vídeo.
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