Josias de Souza
O que espanta na marcha resoluta do PT rumo à autoflagelação não é a frieza com que ignora os sinais do STF. O que assusta é a indiferença com que deixa a própria história para cair na vida. Não bastasse a defesa incondicional dos petistas condenados no mensalão, o partido decidiu acomodar no posto de líder de sua bancada na Câmara o deputado José Guimarães (PT-CE).
Guimarães é irmão de um dos condenados, José Genoino, que se prepara para saltar da condição de suplente para a de deputado. Pior: em 2005, quando as manchetes promoviam a autópsia do mensalão, um assessor de Guimarães, então deputado estadual, foi preso no aeroporto de Congonhas.
O sujeito tentava embarcar de São Paulo para Fortaleza com US$ 100 mil acondicionados na cueca. Dinheiro proveniente de corrupção no Banco do Nordeste, informou na época a Polícia Federal.
A ascensão de Guimarães à liderança estava acertada desde o início do ano. O PT costuma promover um rodízio anual de líderes. Na última troca, foi à cadeira o atual líder, Jilmar Tatto. Acertou-se que Guimarães seria o próximo. Assumiria em fevereiro de 2013. Porém…
Os repórteres Gustavo Uribe, Isabel Braga e Cristiane Jungblut informam que uma decisão do prefeito eleito de São Paulo pode apressar a passagem do bastão. Fernando Haddad foi convencido por Lula a entregar ao PT duas secretarias endinheiradas da prefeitura paulistana.
Ex-tesoureiro de campanha de Dilma Rousseff, o deputado José de Filippi vai à pasta da Saúde. E o líder Tatto deve assumir a Secretaria de Transportes. Ambos terão de pedir licença à Câmara. A ausência de Tatto deixará vaga a liderança. Daí a cogitação de antecipar a conversão de Guimarães em líder. “O certo é eu assumir em 1º de fevereiro. Mas estou pronto para qualquer momento”, diz ele. Então, tá!
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