terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Sempre que dá uma de cachorro louco, Maduro embaraça o Brasil



Mal comparando, a Venezuela cultiva uma semelhança com o Império Ianque do Norte, que Nicolás Maduro diz odiar. Quando Caracas e Whashington precisam unir a nação em seu apoio, seus governantes costumam comprar briga com outro país. Os Estados Unidos acreditam ter a missão divina de policiar o mundo. Não podendo se impor ao planeta, a Venezuela de Maduro dedica-se a ameaçar de invasão a vizinha Guiana.

Candidato à enésima reeleição em 2024, Maduro não dispõe de nada a oferecer ao eleitor além de ruínas e teatro. Por isso, armou a teatralização de um referendo às vésperas da chegada do ano eleitoral. Pelas informações oficiais, quase 96% dos votantes autorizaram o ditador a anexar ao território da Venezuela a área do Essequibo, um pedaço do mapa rico em petróleo e minérios, com 160 mil km2 e 125 mil habitantes, hoje sob controle da Guiana.

A legitimidade da consulta popular é questionável. As agências internacionais informam que o comparecimento às urnas foi baixo. Mas nada inibe o teatro de Maduro. Ele ressuscita uma encrenca é antiga. Os limites territoriais sob disputa foram ajustados num tratado firmado em 1899 entre a Venezuela e o Reino Unido, que ocupou a Guiana até 1966, quando o país obteve sua independência. Foi nessa ocasião que a Venezuela passou a questionar o tratado, apontando a existência de hipotética fraude.

Sob Hugo Chávez, que presidiu a Venezuela entre 1999 e 2013, o litígio permaneceu anestesiado. O sucessor Maduro ressuscitou-o por razões econômicas. Há cerca de oito anos, a multinacional Exxon descobriu petróleo no litoral de Essequibo. À frente de uma autocracia ruinosa, Maduro reativa de tempos em tempos a ambição venezuelana. A ONU tenta há anos, sem sucesso, mediar o conflito.

Duvida-se que Maduro utilize o plebiscito como pretexto para iniciar uma aventura bélica na Guiana. Seus arroubos são vistos como meros latidos de um ditador em apuros eleitorais. O problema é que, cada vez que Maduro dá uma de cachorro louco, Maduro constrange alguém no Brasil. Lula pede juízo. Enviou seu assessor internacional Celso Amorim a Caracas um par de vezes em missões pacificadoras. A essa altura, uma guerra improvável no quintal amazônico do Brasil aniquilaria a liderança regional do Brasil.

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