sexta-feira, 27 de outubro de 2023

No total, centrão pode remover 7 mulheres da alta cúpula da Caixa



Sob Rita Serrano, a Caixa Econômica Federal tornou-se uma vitrine do alegado apreço de Lula pela igualdade de gênero. Das 12 vice-presidências do banco estatal, seis foram ocupadas por mulheres. "Comigo na presidência, são sete", celebrou Rita em 26 de maio, quando foi ao gabinete de Lula para "anunciar" que a Caixa tornara-se "o primeiro banco brasileiro a ter maioria de mulheres na alta administração." E Lula: "Parabéns, espero que logo você tenha as 12 mulheres".

Decorridos apenas cinco meses, Lula trocou Rita Serrano por Carlos Vieira, um homem branco da tribo do cacique Arthur Lira. Considerando-se que Lira se equipa para ratear todas as vice-presidências da Caixa entre representantes dos povos originários do centrão, uma etnia que traz a misoginia no DNA, o número total de escalpos femininos pode chegar a sete no final da ocupação predatória. Um massacre.

Morubixaba de um governo cuja autoridade é desafiada pelo cacique da Câmara, Lula tenta salvar da degola pelo menos Inês Magalhães, atual vice-presidente de Habitação. Ela cuida do financiamento de um dos programas que mais atiçam o apetite do centrão: o Minha Casa, Minha Vida.

Na quarta-feira, apenas uma hora depois de Lula ter enviado Rita Serrano ao olho da rua, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, lançou um programa que já nasceu com cara de pão dormido. Chama-se "Brasil sem Misoginia". Tem o propósito de "apoiar mulheres em espaços de poder e de decisão". Rita havia gravado um vídeo para a cerimônia de lançamento.

Na quinta-feira, já com a cabeça apartada do pescoço, Rita escreveu nas redes sociais: "Ser mulher em espaços de poder é algo sempre desafiador. [...] Espero deixar como legado a mensagem de que é preciso enfrentar a misoginia..." Ela considera "necessário e urgente pensar em outra forma de fazer política e relações humanizadas no trabalho."

Nesse ritmo, as transações de Lula com Lira vão acabar inspirando a abertura de processo judicial com base na Lei Maria da Penha.

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