sábado, 14 de novembro de 2020

Mourão tenta se distanciar do surto de ridículo



O governo de Jair Bolsonaro seria outro se um surto de ridículo baixasse no Palácio do Planalto. Mas o presidente tem dificuldades para enxergar a dimensão do ridículo. No caso da sucessão presidencial americana, Bolsonaro sempre operou sem um Plano B. Deu com a cara no muro. Em vez de recuar, fica batendo com a cabeça na parede, esperando que se abra uma porta de acesso à Trumpolândia, o país imaginário onde a vitória de Joe Biden não existe e Donald Trump terá mais quatro anos de mandato.

O vice-presidnete Hamilton Mourão vinha coçando a língua desde o início da semana para reconhecer a vitória de Biden. Mas, por deferência a Bolsonaro, disse que o presidente esperaria a resolução do "imbróglio" da eleição americana para depois "transmitir os cumprimentos do Brasil a quem for eleito." Foi como se Mourão esbarrasse no ridículo, pedisse desculpas ao ridículo e passasse adiante, sem reconhecer que o ridículo é o ridículo.

Desautorizado por Bolsonaro, que disse nunca ter falado com o vice sobre Estados Unidos, Mourão decidiu fugir do ridículo, ainda que de mansinho. "Como indivíduo, eu julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais sendo irreversível." Otimista, Mourão disse que, a despeito da dificuldade de Bolsonaro de reconhecer o ridículo, o Brasil manterá desobstruídos os canais de diálogo com os Estados Unidos. O otimismo não orna com a facilidade com que Bolsonaro associou Biden à imagem da pólvora.

A hesitação de Bolsonaro colocava o Brasil na constrangedora companhia de Rússia, Coreia do Norte e China. O presidente chinês Xi Jinping já evoluiu para o reconhecimento da vitória de Biden sobre Trump. Bolsonaro agora está ao lado do autocrata russo Vladimir Putin e do ditador norte-corenao Kim Jong-un. Se Bolsonaro ainda fosse um deputado do baixo clero, abraçaria o ridículo sozinho. No Planalto, ele arrasta o Brasil junto. Mourão pode tomar distância. O país é refém da falta de senso do seu presidente.

Um comentário:

AHT disse...

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Sabedoria e razoabilidade buscam o exequível.

Divergências, se respeitadas, enfraquecem equívocos e
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AHT
14/11/2020