sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Ex-ministro da Cultura gravou Temer, Geddel e Eliseu Padilha


O presidente da República em exercício, Michel Temer, dá posse ao novo ministro da Cultura, Marcelo Calero, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto,em Brasília (DF) - 24/05/2016

Depois de acusar a cúpula do governo de tentar pressioná-lo a liberar uma obra de interesse pessoal do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero entregou à Polícia Federal gravações das conversas que teve sobre o assunto com o presidente Michel Temer, com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e com o próprio Geddel. Em depoimento à PF, o ex-ministro narrou detalhes de como Temer e seus dois principais ministros teriam tentado forçá-lo a liberar a construção de um prédio residencial em uma região tombada pelo patrimônio histórico em Salvador. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, subordinado a Calero, havia embargado a obra.

Além de gravar Temer e seus dois ministros de confiança, o ex-ministro da Cultura registrou as conversas que teve com dois auxiliares do presidente. O próprio Palácio do Planalto obteve a confirmação da existência dos áudios. “As gravações não são de boa qualidade, porque foram feitas com um aparelho que aparentemente estava no bolso do Calero”, disse um ministro palaciano a VEJA.

Depois de receber a informação de que o ex-ministro havia gravado as conversas, o próprio governo confirmou as reuniões com Calero. Por meio do porta-voz da presidência, Michel Temer admitiu que conversou com Marcelo Calero para “arbitrar o conflito” entre o então ministro da Cultura e o titular da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, mas negou qualquer pressão no caso.

“O presidente trata todos seus ministros como iguais. E jamais induziu algum deles a tomar decisão que ferisse normas internas ou suas convicções. Assim procedeu em relação ao ex-ministro da Cultura, que corretamente relatou estes fatos em entrevistas concedidas”, disse o porta-voz Alexandre Parola.

Questionado se irá deixar o cargo, Geddel Vieira Lima foi direto: “Ôxi! Eu? Claro que não!”.

Um comentário:

Miriaklos disse...

Se verdadeira esta afirmação da gravação, posso dizer que chegamos mesmo ao fundo do poço, pois ter um diplomata com um espírito cínico e dissimulado como este, independentemente das reprováveis circunstâncias em que os fatos se deram, é profundamente triste. A sordidez do ato desse elemento chamado marcelo calero é assombrosamente despudorada. Não morro de amores por esse tal michel temer, mas fazer a gravação clandestinamente, se valendo da amizade e respeito que o homem que hoje está na presidencia do Brasil lhe devota é realmente desalentador.