A pesquisa CNI-Ibope aponta que o governo Dilma é ótimo ou bom segundo 62% dos brasileiros, mas nada menos de 74% desaprovam as políticas de saúde. Reprovam as ações na área de segurança 68% dos entrevistados. Não são favoráveis às escolhas para combater a inflação 50% dos ouvidos… Entendo. O governo é ruim, mas é bom… Então Tá.
Uma outra informação dá uma pista: as ditas “ações de combate à fome e pobreza” são aprovadas por 62%. Sim, caros, essas ações (como o Bolsa Família, por exemplo) chegam a muita gente, mas ainda se trata de uma minoria de brasileiros. Há muito mais pessoas submetidas às agruras da saúde por exemplo.
Isso tem explicação? Tem, sim! Chama-se “déficit de política”. A “mídia” que aquela gente venal chama “golpista” faz uma cobertura obviamente generosa das ações do governo federal. E os que comandam a oposição não geram notícia o suficiente que permita o confronto de ideias, com é corriqueiro nas democracias.
É evidente, basta pensar nos números, que boa parte dos que aprovam as tais políticas de “combate à fome e à pobreza” nem mesmo sabe direito do que está falando. Está sob o impacto da propaganda. Antes que os brucutus saiam vociferando, deixo claro: não estou negando a existência das tais políticas. Estou afirmando que boa parte só “ouviu falar” a respeito, embora conheça na pele a precariedade do sistema de saúde. A que isso nos remete.
Realidades factuais só são realidades políticas quando um partido ou um grupo decidem assim tratá-las. Não basta que a saúde esteja ruim para que seja um fato político essa ruindade. É preciso que haja um arauto dessa e de outras precariedades.
“Fazer política”, no sentido que trato aqui, é legítimo, próprio das democracias. Essa interlocução com a sociedade pode ter, não obstante, a outra face, a maligna, que consiste na exploração populista, vigarista, terrorista mesmo, de problemas que afligem a população. Foi o que se fez, por exemplo, com a segurança pública de São Paulo, ainda uma das melhores do país, segundo levantamentos que trazem a logomarca do próprio governo Dilma.
Por Reinaldo Azevedo
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