Guilherme Fiúza
Dilma Rousseff afirmou que “o governo acha estranho que o ministro (Pimentel)
preste satisfações ao Congresso da sua vida privada”.
Já é um avanço. Pelo menos, o governo Dilma começou a estranhar alguma coisa.
Ninguém aguentava mais esse clima de normalidade.
Realmente, não dá para entender esse interesse do Congresso Nacional pela
vida privada de Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, ex-prefeito de
Belo Horizonte e ex-consultor de empresas privadas.
Como os parlamentares de oposição não respeitam a privacidade do ministro,
cumpre fazer um esclarecimento: a vida privada de Fernando Pimentel é muito mais
abrangente do que imaginam os nobres deputados e senadores.
Para que não pairem mais dúvidas sobre o assunto, e para que cessem de uma
vez por todas essas convocações muito estranhas, vamos deixar claro o perímetro
da vida privada de Pimentel.
Ao contrário da maioria das pessoas, Fernando Pimentel não é um indivíduo
não-governamental. Seu universo particular em expansão alcança zonas do poder
público – especialmente em Belo Horizonte e em Brasília.
Foi por isso que em 2009 e 2010, quando estava sem mandato, Pimentel deu um
show como consultor econômico – faturando de cara R$ 2 milhões e deixando de
queixo caído a concorrência muito mais experiente do que ele.
Os consultores normais, PhDs e especialistas em geral podem ser muito bons,
mas são privados demais.
No período em que prestou suas consultorias, Pimentel tinha grande influência
na Prefeitura de BH e no partido do presidente da República – que inclusive o
escolheu na época para coordenar a campanha sucessória.
O que o Congresso não entende é que a vida pessoal de Pimentel contém sua
invejável amizade com Dilma Rousseff (que fez dele um consultor ministeriável).
Também estão contidos na sua privacidade seus amigos de fé no governo da capital
mineira, e seus irmãos camaradas na iniciativa privada – que adorariam vê-lo
governador em 2014, porque o acham um cara legal.
Feita essa demarcação territorial da imensa vida privada de Fernando
Pimentel, espera-se que não perturbem mais a presidente Dilma com pedidos de
explicação estranhos.
E vamos em frente, porque o Brasil, pelo visto, não estranha mais nada.
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