O ditador norte-coreano Kim Jong-il “bloqueou os ventos uivantes da história” ao longo da vida, e morreu numa época de frio extremo e mares agitados, relatou a imprensa estatal nesta quinta-feira.
Segundo a narrativa oficial, Kim –que governou a Coreia do Norte de 1994 até sua morte, ocorrida no sábado (17)– nasceu em uma montanha sagrada, quando havia dois arco-íris no céu. Extraoficialmente, porém, sabe-se que ele nasceu na União Soviética, onde seu pai, Kim Il-sung, estava exilado.
Ao longo da sua vida, a bajuladora imprensa do regime louvava feitos que iam de uma miraculosa capacidade de controlar o clima à habilidade para o golfe –teria feito vários “hole-in-one”, ou seja, acertado buracos numa só tacada.
De acordo com a agência estatal KCNA, “na manhã de 17 de dezembro, quando ele estava no trem fazendo uma viagem de orientação de campo para o povo, a temperatura era de 4 0C a 7 0C inferior à média, a mais baixa deste inverno.”
Na véspera, segundo a agência, “nos mares do Leste e do Oeste, o vento soprou a 10 a 15 metros por segundo, fazendo com que as ondas subissem para 2 a 3 metros.”
“Esses dados meteorológicos fazem com que se sinta mais intensamente as dolorosas atribulações de Kim Jong-il, que continuou com trajes comuns sua viagem de orientação de campo, com devoção patriótica, apesar do frio agudo”, disse a KCNA.
As “orientações de campo” eram inspeções que Kim realizava periodicamente em fazendas, fábricas e quartéis. A imprensa estatal diz que ele sofreu um ataque cardíaco a bordo de um trem, o que só foi revelado dois dias depois do ocorrido.
Serviços de inteligência e meios de comunicação estrangeiros costumavam atribuir a Kim um estilo de vida opulento, mas o relato da KCNA vai em outro sentido, dizendo que ele “trabalhava com afinco dia e noite, tendo um sono desconfortável e comendo bolinhos de arroz”.
“Vendo sua dedicação, em lágrimas, as pessoas pediam a ele que parasse de fazer viagens por estradas cobertas de neve em épocas de frio, e de passar as noites em claro”, afirma o artigo.
A agência de notícias afirmou que, após o mau tempo que marcou a morte de Kim, “uma primavera de prosperidade sob o socialismo certamente virá para o país, graças à devoção patriótica de Kim Jong-il, que bloqueou os ventos uivantes da história até os últimos momentos da sua vida”.
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