Marco Antonio Villa, O Globo
Não é novidade a forma de agir dos donos do poder. Nas três últimas eleições
presidenciais, o PT e seus comparsas produziram dossiês, violaram sigilos
fiscais e bancários, espalharam boatos, caluniaram seus opositores, montaram
farsas. Não tiveram receio de transgredir a Constituição e todo aparato
legal.
Para ganhar, praticaram a estratégia do vale-tudo. Transformaram seus
militantes, incrustados na máquina do Estado, em informantes, em difamadores dos
cidadãos. A máquina petista virou uma Stasi tropical, tão truculenta como aquela
que oprimiu os alemães-orientais durante 40 anos.
A truculência é uma forma fascista de evitar o confronto de ideias. Para os
fascistas, o debate é nocivo à sua forma de domínio, de controle absoluto da
sociedade, pois pressupõe a existência do opositor.
Para o PT, que segue esta linha, a política não é o espaço da cidadania. Na
verdade, os petistas odeiam a política. Fizeram nos últimos anos um trabalho de
despolitizar os confrontos ideológicos e infantilizaram as divergências (basta
recordar a denominação “mãe do PAC”).
A pluralidade ideológica e a alternância do poder foram somente suportadas.
Na verdade, os petistas odeiam ter de conviver com a democracia. No passado
adjetivavam o regime como “burguês”; hoje, como detém o poder, demonizam todos
aqueles que se colocam contra o seu projeto autoritário.
Enxergam na Venezuela, no Equador e, mais recentemente, na Argentina exemplos
para serem seguidos. Querem, como nestes três países, amordaçar os meios de
comunicação e impor a ferro e fogo seu domínio sobre a sociedade.
Mesmo com todo o poder de Estado, nunca conseguiram vencer, no primeiro
turno, uma eleição presidencial. Encontraram resistência por parte de milhões de
eleitores. Mas não desistiram de seus propósitos. Querem controlar a imprensa de
qualquer forma.
Para isso contam com o poder financeiro do governo e de seus asseclas.
Compram consciências sem nenhum recato. E não faltam vendedores sequiosos para
mamar nas tetas do Estado.
O panfleto de Amaury Ribeiro Junior (“A privataria tucana”) é apenas um
produto da máquina petista de triturar reputações. Foi produzido nos esgotos do
Palácio do Planalto. E foi publicado, neste momento, justamente com a intenção
de desviar a atenção nacional dos sucessivos escândalos de corrupção do governo
federal.
Marco Antonio Villa é historiador e professor da
Universidade Federal de São Carlos (SP)
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