sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Professor da USP decide reprovar todos os alunos de Filosofia por causa de greve

 Folha 

Cerca de 60 alunos do curso de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) foram reprovados por não atingirem a frequência mínima por conta da greve, que durou um mês, dos estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) no início de novembro – quando a reitoria foi invadida, após disputa com a presença da PM no câmpus. 

O professor Carlos Alberto Ribeiro de Moura, que ministra História da Filosofia Contemporânea II, reprovou todos os estudantes dos períodos diurno e noturno da disciplina. Para ser aprovado, além das notas acima da média, o aluno deve ter um mínimo de 70% de frequência. 

“As aulas foram interrompidas antes de completar o mínimo exigido e os alunos foram avisados sobre isso”, disse o docente. “Não posso fazer nada. Não vou emitir um documento público falso. Não sou eu quem aprova ou reprova por falta. As pessoas têm presença ou não têm.”

No site do Departamento de Filosofia, há uma nota de esclarecimento do professor. O texto diz: “Segundo a legislação em vigor, o cálculo de frequência em disciplinas deve levar em conta a totalidade do semestre letivo. Assim, aulas não ministradas em função de piquetes, ‘cadeiraços’, etc. são computadas como dadas e não frequentadas.”

De acordo com a USP, haveria a necessidade de reposição das aulas caso a paralisação ocorrida fosse dos docentes. Alguns professores optam por repor as aulas perdidas ou aplicam provas em trabalhos para compensar. Mas segundo a universidade, como foram os alunos que decidiram não comparecer às aulas, o professor agiu dentro das regras da instituição.Os alunos podem entrar com recurso na unidade.

Na página aberta por alunos de Filosofia da USP no Facebook, os estudantes discutiam formas de revogar a reprovação e comentavam a reprovação. Era possível também ler comentários como “criminalizou a greve” ou “Carlos Alberto, amigo do (Geraldo) Alckmin, fez como sugeriu o amigo governador: ‘Deu aula de democracia aos alunos da USP…’” .

Que tipo de bobagem os alunos irão inventar para tentar provar que não precisam cumprir as regras da faculdade para serem aprovados? 


Se precisa de 70% de frequência, quem tiver menos não passa. 


Parabéns ao professor pela coragem de enfrentar a fúria que virá por ai. Não esqueçam, é o povo brasileiro que banca a USP, ela pertence a todos nós.

5 comentários:

Miriaklos disse...

Ratifico o parabéns dado pelo blog ao Ilustre professor Carlos Alberto Ribeiro de Moura. Professor o senhor me faz crer que ainda resta um pouco de decência neste país, que ainda existem homem com letras maiúsculas que têm respeito à causa que abraça.

Brasilino Neto - Advogado disse...

No contraponto deste emérito professor Carlos Alberto, vi hoje, tristemente, no jornal "O Vale", o juiz Guilherme Guimarães Feliciano, que milita na Primeira Vara da Justiça do Trabalho de Taubaté, professor associado da USP e presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15ª Região, em seu artigo a "PM na USP: uma outra visão", fazer a seguinte e insólita proposta: "A meu ver, boas soluções podem ser encaminhadas democraticamente. Por que não um plebiscito, envolvendo docentes, servidores e estudantes, sobre a presença da PM na USP ? E, como mecanismo preparatório, uma comissão mista de investigação, com representantes dos três segmentos, para a apuração dos alegados abusos da PM no campus e para estudos tendentes à remodelação – ou mesmo à rejeição pública – do convênio. Buscar, enfim processos racionais para formular a razão de agir." Digo isto pois a PM agiu no estrito cumprimento de seu dever, em cumprimento a uma ordem judicial que impôs no despacho "os cuidados que a PM deveria adotar para reintegração". Ademais, nada há para ser tripartidamente analisado, pois o Estado de São Paulo, consolidado em suas instituições tem uma Corregedoria de Policia preparada e o próprio Ministério Público Estadual sempre atento e vigilante ao cometimento de excessos nada observou, sobretudo quando se sabe que os ânimos dos "estudante", meia dúzia de gatos pingados, era de confronto. Fico triste em ver um juiz, mesmo que uma Justiça Especializada, faça uma proposta tal como a feita. Nada precisa ser revisto, mas somente que se cumpra as leis que serve para todos e não para alguns.

Clovis Cunha disse...

Brasilino, se vc quer ficar muito indignado acesse este site, www.ajd.org.br, são os juízes para a democracia.

Abraços

Brasilino Neto disse...

Editor Clovis, já conheço os pensamentos e atuações destes 'juízes para a democracia', que são democratas somente em seu grupelho. O entendimento deles a respeito do movimento havido na USP é simplesmente indignante, nauseante chegando mesmo a ser incompreensível como um grupo de juízes que têm a obrigação de aplicar a lei tal como feita, pois como diz um dos princípio basilares do Direito, que onde o legislador não interpretou não cabe ao leigo interpretar, venha fazer uma manifestação descabida e rebuscada como fez. Senhor Editor, permita-me aqui a aplicação de uma expressão vulgar para tratar assunto de tamanha grandeza, pois juiz entrar na onda do 'politicamente correto' é o fim da picada. E foi isto que esses juízes democratas fizeram.

Clovis Cunha disse...

Grande amigo,

É um grande prazer ter sua sabedoria e experiencia aqui.

Crovinho!!!