segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Pesquisas acertaram com Lula, não com Bolsonaro; Sudeste diminuiu a derrota



Com 48,43% dos votos válidos, o petista e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai disputar o segundo turno da eleição presidencial com, como se diz por aí, o incumbente Jair Bolsonaro (PL), que tentará a reeleição: obteve 43,2% nas urnas. Perceberam? Lula ficou a 1,57 ponto percentual — e mais um voto — de se eleger no primeiro turno. E isso significa que as principais pesquisas de véspera acertaram, dentro da margem de erro: o Datafolha lhe atribuiu 50%; a Quaest, 49%, e o Ipec, 51%. O busílis está no desempenho de Bolsonaro, bem acima da banda superior da margem de erro: 36%, 38% e 37%, respectivamente.

E o que fez a diferença? Onde está a surpresa? O atual presidente obteve um resultado bem acima do que se previa na Região Sudeste. Uma nota à margem: no Nordeste, Lula superou, às vezes, marcas que já eram formidáveis, o que explica, diga-se, a boa vantagem do petista, mas distante do que se previa.

No Espírito Santo, por exemplo, o IPEC anteviu 48% a 42% para Lula nos votos válidos. Nas urnas, o que se teve foi 52,23% a 40,4% para Bolsonaro. O mesmo instituto registrou uma vantagem de 55% a 33% para o ex-presidente em Minas na véspera da eleição; no Datafolha do dia 29, 47% a 33% em favor do petista, mas a diferença foi muito menor: 48,29% a 43,6%. No Rio, a distância é brutal. Nas pesquisas, tinha-se, em favor de Lula, 46% a 42% (Ipec) e 42% a 37% (Datafolha do dia 29). Feita a contabilidade real, tem-se um placar de 51,09% a 40,68% para o tal "Mito". São Paulo também sorriu para Bolsonaro: 47,71% a 40,89%; um instituto apontava um dia antes do pleito 48% a 39% para o ex-presidente; o outro, 42% a 35%.

Apesar de discrepâncias tão significativas, a diferença em favor de Lula, no país, com 99,99% das urnas apuradas, é de 6.184.748 votos. Obviamente, não é pouca coisa. Insista-se, Lula ficou a 1,6 ponto percentual de vencer no primeiro turno. É a distância que separa a apreensão com que o petismo vê a disputa do que seria uma festa de arromba, que iria varar a madrugada.

Dá para antever o alarido que o bolsonarismo fará contra as pesquisas, já que não tem mais sentido reclamar das urnas — e nem Bolsonaro se atreveu a fazê-lo ao comentar o resultado. Que os institutos que fazem a sério o seu trabalho devam reexaminar metodologias, critérios, composição da amostra etc., bem, disso não duvido. Só não se sustente, por evidentemente falso, que as pesquisas dizem ao eleitor o que ele deve fazer. A diferença entre o que elas encontraram e o resultado das urnas evidencia o contrário.

Aliás, resultados mais adversos para Bolsonaro do que se verificou de fato pode até estar a indicar que houve, sim, voto útil, Mas à direita.

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