sábado, 15 de outubro de 2022

Estabilidade dá ao debate ares de final de campeonato num campo lamacento



A principal novidade da nova rodada do Datafolha é a ausência de novidades. A exemplo do que ocorrera há uma semana, Lula soma 53% dos votos válidos, contra 47% atribuídos ao seu rival. A estabilidade produz uma novidade subjacente: o debate presidencial deste domingo ganhou uma aparência de final de campeonato. A julgar pelo esgoto que as campanhas despejam nas redes sociais e até na propaganda eleitoral do rádio e da TV, o jogo será jogado em campo lamacento.

Bolsonaro saiu das urnas do primeiro turno com 6 milhões de votos a menos do que Lula. O capitão precisa encurtar essa distância. Lula, necessita ampliar a vantagem. A imobilidade da conjuntura indica que ambos produziram mais vapor do que energia nas duas primeiras semanas do segundo turno. Girando em círculos, Bolsonaro e Lula derramaram lodo um sobre o outro sem sair do lugar. A inércia favorece quem está na frente.

A duas semanas do tira-teima das urnas, a pressão é maior sobre Bolsonaro. Lula dança conforma e música. Ao chamarem um ao outro de "ladrão pinguço" e "genocida canibal", o presidente e seu desafiante acenam para convertidos, indica o Datafolha. O centrão aconselha o presidente a expor aos indecisos as "realizações" do governo. Mas Bolsonaro não perde oportunidade de perder oportunidades. Lula se equipa para qualquer as duas táticas. Prefere ideias e programas. Mas decidiu não deixar canelada sem resposta.

Segundo o Datafolha, 93% dos entrevistados dizem ter certeza sobre seu voto. Esses eleitores contribuem para a aparente imutabilidade do cenário. Já não se importam de assistir à campanha mais desqualificada da história. Os adeptos do voto branco ou nulo (5%) e os indecisos (1%) poderiam mudar o rumo da campanha. Mas o excesso de empulhação faz com que empurrem para a última hora uma eventual definição. É como se gritassem para os candidatos: "Surpreendam-me, senhores!"

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