quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Bolsonaro viraria uma irmã Dulce dos pobres se eleição tivesse três turnos



A generosidade de Bolsonaro com os brasileiros pobres cresce na proporção direta do aumento do risco de derrota eleitoral. Com seis milhões de votos de desvantagem sobre Lula, o presidente ofereceu um coquetel de mimos aos brasileiros que sonham em subir na vida para conseguir chegar à classe baixa.

O presidente mandou antecipar o pagamento das parcelas de outubro do Auxílio Brasil de R$ 600 e do vale-gás de R$ 110. Todos os beneficiários receberão o dinheiro até 25 de outubro, cinco dias antes da eleição. Mandou a Caixa Econômica oferecer empréstimos consignados de até R$ 2 mil à clientela do programa. Disse que, reeleito, pagará um 13º benefício às famílias chefiadas por mulheres em 2023.

Por trás da insistência na tática de fisgar pelo bolso o eleitor pobre há uma preocupação oculta. O staff do comitê da reeleição atribui parte do desempenho de Bolsonaro no primeiro turno à adesão de eleitores que migraram de Ciro Gomes e Simone Tebet. Avalia-se que o capitão terá dificuldade para herdar no segundo turno votos remanescentes da dupla.

Tenta-se, então, roubar votos de Lula. No vale-tudo do segundo turno, cada ponto roubado do adversário reduz dois pontos na diferença entre ambos. Com 48% dos votos, Lula saiu da urna cinco pontos à frente dos 43% obtidos por Bolsonaro.

A campanha oficial não mira apenas o Nordeste, região onde Lula prevalece com mais de 60% dos votos. Bolsonaro espera atrair a simpatia de beneficiários do antigo Bolsa Família que moram na periferia dos Estados da estratégica região Sudeste. Coisa de seis milhões de pessoas.

A bondade do candidato consiste em comprar toda a simpatia que o déficit público pode pagar. No primeiro turno, Bolsonaro havia prometido manter em 2023 o Auxílio Brasil em sua versão vitaminada de R$ 600. Isso custará ao Tesouro R$ 52,5 bilhões. Agora, acena com um 13º benefício que adicionaria à conta despesa extra de cerca de R$ 10 bilhões. Não se sabe de onde virá o dinheiro.

Se a eleição presidencial tivesse três turnos, Bolsonaro acabaria virando uma espécie de Irmã Dulce dos pobres brasileiros.

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