quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Plano para fiscalizar barragens é uma enganação


De acordo com Canuto, será feita a verificação, de imediato, sobre a área 1 da barragem, que é a primeira a ser atingida quando uma barragem se rompe

O Brasileiro é um crédulo. Costuma conceder voto de confiança aos governos em início de mandato. Mas o ministro Gustavo Canuto, do Desenvolvimento Regional, abusou da credulidade alheia ao expor o plano da gestão de Jair Bolsonaro para fiscalizar as barrages brasileiras. Quem ouviu a entrevista saiu da experiência com uma pulga saltitando no dorso da orelha. 

Primeiro, o ministro mastigou os números. Há no Brasil mais de 20 mil barragens, ele informou. Desse total, 3.386 são consideradas de alto risco. Todas receberão a visita de fiscais, declarou o ministro. Entre as barragens que ameaçam a sociedade, 205 guardam rejeitos de mineração. Irão para o início da fila das fiscalizações. 

Na sequência, o ministro passou a impressão de que o governo fiscalizará as barragens como quem brinca de cabra-cega, com os olhos vendados. Canuto não soube dizer quantos fiscais serão mobilizados. Não deu a menor pista de quanto dinheiro será necessário. Não estipulou nenhum prazo para a conclusão do serviço. "Não é da noite pro dia", avisou. 

O governo federal pintou-se para a guerra depois do estouro da barragem da Vale em Brumadinho. Poderia ter reconhecido que o setor de fiscalização de barragens é uma ficção. Mas preferiu dançar uma coreografia da enganação, no pressuposto de que a plateia é feita de bobos. Conseguiu a proeza de transformar a inépcia de gestões anteriores num processo de desmoralização, de envelhecimento precoce da nova administração. O novo governo tornou-se sócio de um velho descalabro.

Por Josias de Souza

Um comentário:

AHT disse...

Acróstico: DISCURSOS


Discursos, em geral, são mentiras
Inventadas num piscar de olhos e suas
Soluções “sérias e inéditas” conseguem
Convencer os desesperados,
Ufanistas e até pessimistas de nascença.
Reivindicando verbas e mais verbas, os discursos
São generosamente atendidos pelo Orçamento Público.
O tempo passa e nada é feito, restando apenas a
Silenciosa plateia de desesperados, ufanistas e pessimistas...