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Cascata e Cascatinha, personagens dos humoristas Chico Anysio e Castrinho: o “paipai” estava sempre endossando as tolices do seu “garoto”. O humorismo ainda é o que o Brasil tem de mais sério… |
Em entrevista concedida à Bloomberg, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que, se algo de irregular for constatado contra Flávio Bolsonaro, seu filho e senador eleito, que este arque, então, com as consequências. Cumpria o script. Afinal de contas, dizer o quê? Mas o bom senso durou pouco.
Em entrevista à TV Record, a conversa foi outra:
“Nós não estamos acima da lei. Pelo contrário, estamos abaixo da lei. Agora, que se cumpra a lei, não façam de maneira diferente para conosco. Não é justo atingir um garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me atingir.”
Com essa fala, Bolsonaro atrela seu destino ao do filho, não é mesmo? Se tudo é apenas uma tramoia para atingir o presidente, então estamos diante de uma conspiração e de uma farsa.
Impressiona a falta de imaginação dos políticos nesse particular, não é mesmo?
A repercussão na cúpula do governo — o generalato que compõe o seu ministério — foi a pior possível.
Basta um mínimo de honestidade intelectual para constatar que Flávio, até agora, não explicou nada. E, à diferença do que diz o presidente, a investigação segue o que prevê a lei. Quando menos, ele deveria apontar, então, onde estão as transgressões legais.
É bom notar que, ao fazer tal declaração, Bolsonaro decide instalar o problema no gabinete presidencial, contrariando o que lhe recomendou o grupo de generais da reserva que integra o seu ministério. E claro, estes estão certos ao lhe recomentar prudência.
Não é só a movimentação de dinheiro de Fabrício Queiroz que passou a preocupar, mas também o vínculo entre o gabinete de Flávio e um chefe da milícia, que, adicionalmente, é ligado ao grupo que pode estar envolvido no assassinato da vereadora Marielle Franco, um caso de repercussão internacional. Mãe e filha do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega trabalhavam no gabinete do então deputado estadual até novembro do ano passado.
Nóbrega é o chefão do “Escritório do Crime”, uma das mais virulentas milícias que atuam no Rio.
Por Reinaldo Azevedo
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