
Famílias de Caçapava (SP) afirmam que foram vítimas de um golpe que prometia a venda de casas populares. Uma servidora da prefeitura é suspeita de intermediar o esquema. Ela estaria cobrando R$ 600 por imóveis que não existiam ou que já tinham donos.
A golpista prometia venda de casas que seriam da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), que são voltadas a famílias de baixa renda. Só recebe a moradia quem é sorteado pelo Governo do Estado.
De acordo com as vítimas do golpe, a funcionária cobrava R$ 600 para garantir a venda das casas. “Perguntei para ela o porquê dos R$ 600 e ela me disse que era para garantir, porque na minha frente tinha mais gente pra ser sorteada. No meu caso, eram para garantir a casa e a documentação. Meu marido desconfiou, pediu recibo. Ela deu e colocou a assinatura dela, o CPF e os R$ 600 de quitação de casa” contou uma mulher, que não quis se identificar.
Outra vítima, que também preferiu não se identificar, disse que não sabia que o esquema era ilegal e que questionou a funcionária. “Ela falou para mim que era da CDHU, só que não era pra gente estar espalhando porque como eram casos em que o banco tinha tomado de pessoas que não tinham pagado, aí ela estaria passando para gente'', disse.
As vítimas disseram que a golpista não marcava encontro para que elas conhecessem o imóvel prometido. A demora virou reclamação nas redes sociais e as vítimas se uniram em aplicativos de mensagem para cobrar respostas, até descobrirem que se tratava de um golpe.
Os casos envolvendo a venda das casas da CDHU foram registrados na Delegacia de Caçapava. Como a investigação ainda não foi concluída, ninguém da polícia quis gravar entrevista com a equipe.
Gravação
Uma das vítimas gravou uma conversa que teve com a golpista. Nela, a funcionária da prefeitura disse devolveria o dinheiro e que outras pessoas estariam envolvidas no esquema. (veja no vídeo aqui https://globoplay.globo.com/v/7274868/)
A produção da TV Vanguarda entrou em contrato entrou em contato com a funcionária. Ela chegou a agendar uma entrevista, mas desistiu no dia.
Nos últimos dez anos, a CDHU entregou 617 novas moradias na cidade. A venda desses imóveis é ilegal, assim como como qualquer cobrança para cadastrar moradores. O único pagamento é das prestações do financiamento, o que acontece depois da assinatura do contrato.
O que dizem CDHU e prefeitura
Por meio de nota, a CDHU informou que não mantém intermediários na comercialização de suas moradias. É ilegal a venda, aluguel ou utilização irregular das suas unidades habitacionais antes de serem pagas as 18 prestações do contrato de financiamento, a partir da data em que foi assinado.
A nota diz ainda que não existe nenhuma cobrança para a transferência de proprietário. Em casos de irregularidades comprovadas é feita a reintegração de posse e a unidade é direcionada a outra família cadastrada e indicada pelo município.
A Prefeitura de Caçapava informou em nota que foi aberto um procedimento administrativo para apurar o caso, mas que ele foi suspenso para aguardar o resultado das investigações policiais. A mulher continua trabalhando e vítimas disseram que ainda não receberam o dinheiro pago.
G1 Vale
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