Nada atesta melhor o atraso político de certas cabeças coroadas da República do que a reação extemporânea e insolente a notícias ou a meras suspeitas em torno do possível envolvimento do ex-presidente Lula com fatos investigados pela Operação Lava-Jato.
Voltou a acontecer ontem quando a Polícia Federal, autorizada pelo juiz Sérgio Moro, saiu à caça de provas e de pessoas, dessa vez ligadas a um eventual esquema de offshores criadas para enviar ao exterior dinheiro desviado da Petrobras.
Todos os apartamentos do condomínio Solaris, em Guarujá, São Paulo, podem ter servido à prática de lavagem de dinheiro – entre eles um tríplex reformado pela construtora OAS para ser ocupado por Lula e sua família. Eles teriam desistido da compra.
Natural que áulicos e admiradores sinceros de Lula defendam sua honra. Se até eles se omitissem o que sobraria do ex-líder metalúrgico que, no passado, acusou, revoltado, o Congresso de abrigar mais de 300 picaretas, e a política de ser feita à base da ladroagem?
Patética, contudo, é a maneira como procedem de hábito. Em um país onde, pela primeira vez, a Justiça parece não distinguir entre poderosos e pés rapados, quer-se que a Lula seja conferido um tratamento especial. Como se ele estivesse acima da lei. Como se merecesse estar.
Que bom que não está. E que bom que nem ele e nem ninguém mereça um tratamento especial. Convenhamos: isso é prova para lá razoável de que, embora a um ritmo lento, finalmente avança entre nós a intolerância com a corrupção e com os gestores irresponsáveis.
É preciso bani-los do nosso meio.
Por Ricardo Noblat
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