Post publicado, originalmente, em 14/04/2014 - Vale a pena ler de novo
Parabéns Caçapava, cidade encantadora que hoje completa 162 anos de vida, que guarda na sua memória a luta dos seus construtores, dos seus filhos amados, dos seus heróis encantados, que através de muita luta e resistência a ignorância, trouxe para este povo a construção de sua história marcada pelo brilho de suas intelectualidades!
E para lembrar - um artigo de uma brilhante intelectual e imortal caçapavense, Lourdes Mesquita de Siqueira no “Anuário Caçapavense” publicado em janeiro de 1958:
Lourdes Mesquita de Siqueira |
DESARME SEU FILHO
Mais um ano que se finda. Um ano que marca para a ciência uma fabulosa conquista, pois, dando voltas ao redor da terra e levando em seu bojo os restos mortais de Laika, é o Sputnik um atestado vivo da prodigiosa capacidade do cérebro humano.
Depois do invento de Dumont, é esse, sem dúvida, o mais assombroso empreendimento levado a efeito pelo homem.
O que mais veremos? Eis a pergunta que, amedrontados, intimamente formulamos. Verne e Bellamy em suas fantasias, profetizaram este mundo louco e ousado. A humanidade insatisfeita procura, no momento, dominar o espaço sideral, pois as coisas deste mundo já não lhe satisfazem. Daqui a algum tempo, a lua e os demais planetas não mais constituirão um segredo para nós. Tudo será desvendado! E então? Deus o sabe! A curiosidade não tem limites. O homem é insaciável e o desconhecido exerce sobre ele uma atração irresistível. Há uma ânsia incontida de sensações novas e fantásticas.
Com o rolar dos séculos as invenções se sucederam como frutos de trabalhos incessantes, vontade férrea e perseverança ilimitada. O homem tornou a química sua escrava, e descobrindo seus segredos, submeteu-os ao seu uso; apareceu o papel, célebre invensão chinesa, e, um dia, na história da Europa, graças ao gênio extraordinário de Gutenberg, ao empurrão do tipógrafo, o saber se precipitou em grandes golfadas e deixou de ser privilégio de uma favorecida minoria; os extraordinários engenhosos esforços de James Watt deram o primeiro impulso à Revolução Industrial, com o aparecimento da máquina a vapor; surgiu o telefone que imortalizou Graham Bell e Samuel Morse com a telegrafia derrubou com um golpe, as barreiras dos séculos e permitiu ás nações que se comunicassem através do globo por meio de uma linguagem internacional, uma linguagem de pontos e traços e de estranhos estalidos metálicos; veio o rádio, invenção de Marconi, invenção essa que é a história de uma insuperável realização mental e de coragem moral; o avião, com que Santos Dumont sonhou unir a humanidade num longo e fraternal amplexo; a televisão, sonho de uma geração passada e realidade de hoje, e tantos outros inventos acelerando com seu aparecimento o ritmo da civilização.
E... no entanto, pergunto eu, todos esses esforços, todas essas conquistas, teriam feito a humanidade feliz?
Eu creio que mais do que nunca ela sofre as consequências de sua própria insaciabilidade. Os inventos são armas perigosas que tanto podem ser utilizadas para o bem como para o mal. E no coração humano ainda há muito ódio, desejo de vingança, inveja, maldade e egoísmo...
Hoje, esses satélites artificiais que dão voltas ao redor da terra e os tais disco voadores, cuja origem ignoramos, constituem para nós verdadeiras ameaças. Qual a sua finalidade? E a pergunta que nos angustia e que nos faz tremer ao pensar na verdadeira e esmagadora resposta.
Já pensaram os leitores, como será a próxima guerra, com todas essas armas demoníacas ao alcance do homem?
É tempo, pais, de lutarmos desbravadamente para que os novas gerações possam no futuro, discutir os seus problemas e elucidar as suas dúvidas entorno de uma mesa, e não num campo de batalha. Já é tempo de esclarecermos aqueles insensatos, que ousam numa época como a nossa, fabricar brinquedos que despertam nas crianças idéias de guerra sentimentos de ódio, de vingança e de destruição.
Lutemos pelo desarmamento! Eduquemos para paz!
Eque essa luta seja travada no lar, com a colaboração dos pais, e principalmente na escola, com a colaboração dos mestres.
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