O governo vai recorrer no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região para tentar suspender a liminar dada ontem pelo juíz federal de Altamira, cancelando o leilão e a licença ambiental da usina de Belo Monte com base numa ação do MP. Eu li esse documento e achei muito bem fundamentado. Mas esse juiz já deu ganho de causa ao governo várias vezes.
Andei conversando com procuradores, ambientalistas e empresários e há dúvidas de todos os lados. Estes últimos acham que a obra é complexa demais e houve pouco tempo para estudá-la direito. Terão de fazer um canal maior do que o do Panamá. Também não foi feito o estudo geológico adequado, mas por amostragem. Como não sabem exatamente o que vão escavar, acham que os custos podem crescer muito, e a obra deve apresentar surpresas durante a construção.
Também há uma incerteza ambiental grande. Os técnicos do Ibama disseram que não há garantia de viabilidade ambiental do projeto, mas mesmo assim, foi dada a licença prévia. Como se vê, é polêmica.
O BNDES vai anunciar hoje as condições de financiamento e as empresas que ficaram de fora só vão participar se for uma coisa de pai para filho, porque querem vantagens financeiras para tornar viável do ponto de vista dos empresários.
Da perspectiva ambiental, continua sendo inviável, porque os estudos não foram feitos de forma adequada. Agora, está nas mãos da Justiça e o leilão está marcado para terça-feira.
Vamos ver se a AGU vai conseguir caçar a liminar. Acho que devia ouvir mais o princípio da precaução: essa obra é muito complexa e foi pouco estudada.
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