quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Zema vai de heteronegacionista


Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais

Às vésperas do Carnaval, os hierarcas da República costumam ter dificuldade para escolher a fantasia. Romeu Zema já escolheu a sua. Vai à avenida fantasiado de heteronegacionista. Escolheu uma ribalta inusitada para inaugurar sua vestimenta alegórica. Desfilou durante a solenidade de lançamento de um programa idealizado para atender a mulheres vítimas de violência e assédio sexual no Carnaval.

Podendo lamentar a potencialização dos riscos a que estão submetidas as mulheres em dias carnavalescos, o governador de Minas Gerais preferiu realçar a injustiça cometida contra os homens bem-postos dessa terra de palmeiras. "No Brasil, a coisa mais comum que acontece é rotular. Se alguém é homem, é branco, é heterossexual, é bem-sucedido, pronto! É rotulado de carrasco."

Quando pede a palavra em público, Zema nem sempre a devolve em boas condições. Já comparou estados do Nordeste a "vaquinhas que produzem pouco". Em reunião de governadores do Sul e do Sudeste, afirmou que as duas regiões abrigam estados onde "há proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial."

Costuma-se dizer que o silêncio vale ouro. Como já é milionário, Zema esbanja declarações. Demora a perceber que um político que não tem nada a dizer jamais deveria expressar oralmente o seu oco mental. Sobretudo se esse político é um "homem", "branco", "heterossexual" e "bem-sucedido", com pretensões de concorrer à Presidência de um país de maioria negra e feminina, acossado pelo preconceito secular e uma desigualdade abissal.

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