quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Monstro do Mesmo assombra investigação do caso Marielle



O assassinato de Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes fará aniversário de seis anos em março. Nesse período, todas as tentativas de elucidar o caso rodopiaram como parafuso espanado.

Os diferentes inquéritos foram assombrados pelo monstro do Mesmo. Ele está sempre no centro dos acontecimentos. A cada desdobramento, o igual ressurge disfarçado de novo para confundir promessa com realidade, viração com agilidade, inércia com efetividade, bagunça com atividade.

Nesse enredo, o penúltimo lance é um plágio do primeiro capítulo. Estão novamente pendurados de ponta-cabeça nas manchetes os ex-PMs Élcio Queiroz e Ronnie Lessa, apontados em 2019 pela Promotoria e pela polícia civil do Rio como executores de Marielle.

Junto com eles, voltou ao noticiário o ex-vereador e atual conselheiro do Tribunal de Contas fluminense Domingos Brasão, apontado também em 2019 pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge como mentor de uma suposta trama para embaralhar as investigações com pistas falsas.

Pouco depois de assumir o Ministério da Justiça, Flávio Dino anunciou, em março de 2023, no quinto aniversário da morte de Marielle, o retorno da Polícia Federal a um caso que o STJ se recusara a federalizar na origem. Desde então o mostro do Mesmo trabalha dobrado.

Élcio Queiroz confessou num acordo de delação premiada ter dirigido o automóvel de onde partiram os tiros que fulminaram Marielle e Anderson. Autor dos disparos, Ronnie Lessa negocia uma colaboração judicial.

Domingos Brasão, já isentado pela Justiça estadual da acusação de obstruir as investigações, diz desconhecer confissões alheias. E sustenta que eventuais menções ao seu nome como mandante visam encobrir os reais responsáveis.

Andrei Passos, o diretor-geral da Polícia Federal, disse dias atrás que o caso Marielle deve ser fechado até março, o mês do sexto aniversário do assassinato. A promessa de responder às duas perguntas cruciais —quem mandou matar? e por quê?— costumam ser desafiadas por uma interrogação do monstro: Será?

Marcada pela grandeza da vista curta, a assombração do Mesmo costuma estar onde os investigadores jamais suspeitam.

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