quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Atenção passageiros, aerocracia quer pousar dentro do seu bolso



Num regime capitalista, a Mão Invisível afasta micos privados das arcas do Tesouro. No capitalismo à brasileira, o ministro Silvio Costa Filho, dos Portos e Aeroportos, anuncia para os próximos dez dias um pacote de socorro às companhias aéreas. O embrulho inclui o refinanciamento de dívidas e um fundo para manutenção e compra de aeronaves. Coisa de até R$ 6 bilhões. Alega-se que não há risco fiscal. Mas o ministro não esclareceu de onde sairá o dinheiro.

O drama das companhias de aviação foi discutido nesta quarta-feira no Casa Civil da Presidência, a um lance de escada do gabinete de Lula. O governo sustenta que é a ajuda é necessária porque as empresas de aviação sofreram um baque na pandemia. Verdade. Mas as companhias já estavam na enfermaria antes da chegada do vírus. De resto, a Covid levou à breca milhares de empreendimentos. Coisas da vida.

Às vésperas do Natal, Fernando Haddad foi questionado sobre o aumento da inflação. Respondeu o seguinte: "Passagens aéreas cresceram nos últimos quatro meses 65%. E elas já estavam caras. O que nos preocupa na inflação é esse item". No acumulado de 12 meses, os bilhetes de avião subiram quase 50%, contra uma inflação anual de 4,62%.

Na hora de esfolar o consumidor, o regime é capitalista e não há nada que o governo possa fazer para conter abusos ou exigir ressarcimento por atrasos e cancelamentos de voos. Quando chega a pane empresarial, desembrulha-se os pacotes de socorro. Num regime convencional, negócios podem quebrar por falta de estratégia, inépcia gerencial e má sorte. Seja como for, quebra-se. Na aerocracia, companhias continuam no ar mesmo com as asas em chamas.

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