quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

BBB 24: traição pode ser considerada um vício? Especialista comenta assunto que viralizou após conversa entre Yasmin Brunet e Vanessa Lopes


Psicanalista diz que ato não pode ser banalizado e afirma que é problema no comportamento e falta de compromisso do outro


Yasmin Brunet e Vanessa Lopes discutem sobre traição ser uma doença e um vício — Foto: Reprodução/ TV Globo

Uma conversa ocorrida na noite desta terça-feira, 09, no Big Brother Brasil entre Yasmin Brunet e Vanessa Lopes sobre traição rendeu muitos comentários nas redes. As duas integrantes do camarote estavam falando sobre pessoas que traem seus parceiros. Enquanto Vanessa disse que não conseguia julgar traidores por ser uma espécie de válvula de escape, vicio e doença”, Yasmin disse que é desculpa.

“Tem uns que é nítido que é vício, doença. Não está certo, mas não consigo julgar”, disse a influenciadora sendo rebatida pela modelo logo em seguida: “Ele tem que sair dizendo que é um bosta, que beija todo mundo que passa na frente, que transa com todo mundo. Não falar que é você vai ser a princesa da vida dele e que vai amar para sempre e depois trair”.

Mas é possível falar que a traição é um vício ou doença? Para a psicanalista e terapeuta de casais Fabiana Guntovitch, não podemos banalizar a ação dizendo que é uma doença ou um desvio de caráter, quando na verdade se trata do comportamento e falta de compromisso do outro.

— A traição não é defensável e nem justificada, ela precisa ser compreendida pela pessoa que traiu. O problema não está na pessoa traída e sim no que está traindo. Ela trai para se autoafirmar, por problemas de insegurança, pra se sentir potente e valorizada, ou porque ela precisa desse comportamento de autoconhecimento, mas é algo que precisa ser conversado entre o casal. Se é uma relação aberta e para os dois isso está ok, não tem problema nenhum, mas se é numa relação fechada, a traição passa a ser um problema sério, porque é a quebra de confiança — explica.

Segundo a especialista, quando ocorre uma traição na relação, o casal precisa entender o que está acontecendo ali, o motivo pelo qual houve essa quebra de confiança, buscar o cerne dela e entender se essa relação ainda faz sentido. Entretanto, também há aquelas pessoas que assumem um compromisso com outra pessoa, mas traem o outro por pura diversão e esporte.

— Isso se chama sacanagem. Eu não acho que é mau caráter, porque quando você fala de caráter você está abrangendo a vida inteira da pessoa, isso é falta de empatia, irresponsável e inconsequente — diz Guntovitch.

A psicanalista afirma, entretanto, que não é contra o perdão, caso o casal queira continuar junto é importante buscar terapias, de casal ou sozinhos, porque é uma dor muito forte que nao pode ser vivida de maneira superficial.

— Sou contra a sacanagem, a repetição e a conveniência. Uma pessoa que fica com um parceiro que a trai com frequência e que justifica isso como vicio é codependente da traição. Ela também está adoecida nessa relação. É melhor abrir a relação e viver algo verdadeiro. E está tudo bem se decidirem isso, ou se separar de vez. Precisa ser algo bom para todos os envolvidos — diz.

Quando a traição é uma doença

A psicanalista afirma que há uma doença em relação ao sexo chamada de satiríase para os homens e ninfomania para as mulheres, cujo principal sintoma é um apetite sexual excessivo. Entretanto, a prevalência é muito pequena com cerca de 5% das pessoas.

Outra característica marcante é que as pessoas diagnosticadas com a doença não conseguem ter uma relação seja amorosa ou social com outras pessoas, porque elas não têm prazer com outras atividades, apenas com o sexo.

— As pessoas não podem banalizar a traição dizendo que é uma doença porque não conseguem se segurar. Quem tem essa hipersexualização não tem seletividade com a relação, ele vai te trair com qualquer pessoa que pule na frente dele. A relação não é com outro, é com ele mesmo através do outro. Mas há tratamentos psiquiatricos e psicologicos para melhorar esse impulso. Tem pacientes que precisam se internar em clínicas para tratar o transtorno — explica Guntovitch.

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