quinta-feira, 30 de junho de 2016

Pilhagem e conteúdo nacional


O Presidente Lula na cerimônia de lançamento de batismo do 1º navio do Promef, o Suezmax "João Cândido", 07/05/2010 (Foto: Petrobras)
O Presidente Lula na cerimônia de lançamento de batismo do 1º navio
 do Promef, o Suezmax "João Cândido", 07/05/2010 (Foto: Petrobras)

Editorial O Estado de S. Paulo

Em maio de 2010 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado de sua ministra Dilma Rousseff, candidata à sucessão presidencial, chefiou a cerimônia de lançamento do navio João Cândido, fabricado para a Petrobrás. As imagens da cerimônia – de fato um comício eleitoral – foram transmitidas muitas vezes. Mas o navio ficou no estaleiro, porque poderia ir para o fundo se tentassem fazê-lo navegar. Já havia custado muito mais do que poderia custar um petroleiro importado, mas, além disso, foi efetivamente lançado apenas dois anos depois.

Esse é um bom exemplo da desastrosa política de conteúdo nacional imposta pelo governo petista, a partir de 2003, à maior estatal brasileira. A novidade, agora, é o aparecimento de um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os efeitos dessa aberração. A pilhagem da Petrobrás, a maior estatal, foi facilitada pela política de conteúdo nacional, como confirma o documento, noticiado em reportagem do jornal Valor.

O trabalho do TCU enfatiza o erro de concepção econômica e administrativa, mas a história completa deve incluir muito mais que isso. Ao converter a Petrobrás em instrumento de estímulo à indústria, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de forçá-la a suportar custos mais altos, criou condições para a bandalheira amplamente exposta na Operação Lava Jato. Os efeitos do erro administrativo e do banditismo já foram pelo menos em parte reconhecidos na contabilidade oficial da companhia.

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